Se o enrolado Michel Temer não fosse movido pela covardia, ministro da Saúde já teria sido demitido

O acesso à saúde pública é um dos direitos fundamentais do cidadão que estão explicitados na Constituição Federal de 1988, mas beira a irresponsabilidade a sociedade como um tomo aceitar silenciosamente que o governo coloque no comando do Ministério da Saúde um político do naipe de Ricardo Barros (PP-PR). Aliás, não merece respeito algum um governo que coloca a pasta da Saúde nas mãos de um deputado federal graduado em Engenharia e alvo de ação penal por corrupção.

Ricardo Barros, que recentemente disse que “o governo vai parar de fingir que paga médicos e os médicos vão parar de fingir que trabalham”, deve se prepara para pior. Estapafúrdia, a declaração não demorou a produzir reações, principalmente da classe médica.

“Na incapacidade de responder os anseios da população, esses comentários transferem para as categorias da área da saúde, sobretudo para os médicos, a culpa pela grave crise que afeta a rede pública”, rebateram, em nota, o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Médica Brasileira (AMB).

À frente de uma das mais importantes pastas do governo – talvez a mais importante – Ricardo Barros só está ministro porque o seu partido, o PP, vende apoio ao enrolado presidente Michel Temer. O que significa dizer que o ministério é uma fonte de renda para a legenda que continua atolada na lama do Petrolão.

Arrogante e dissimulado, Barros disse que muitos aparelhos de radioterapia adquiridos pelo SUS estão encaixotados por falta de infraestrutura elétrica nos locais onde deveriam estar funcionando e atendendo a população. Abusando da desfaçatez, algo que lhe é peculiar, o ministro da Saúde afirmou, em entrevista ao telejornal “Bom Dia Brasil”, da Rede Globo, que o problema decorre de erro de planejamento.


Fosse o governo brasileiro minimamente sério e o presidente da República um homem imbuído de coragem, Ricardo Barros já estaria demitido, não por essa declaração absurda e acintosa, mas por outros episódios controversos. Não se pode esquecer o escândalo da L-Asparaginase, medicamento necessário no tratamento da Leucemia Linfoblástica Aguda, doença que atinge mais de cinco mil crianças em todo o País.

Como esses pacientes dependem do medicamento, o Ministério da Saúde contrariou a lógica e todas as recomendações da classe médica e adquiriu o medicamento de um laboratório uruguaio que sequer tem sede no país sul-americano, que por sua vez comprou o produto de um laboratório chinês. O medicamento não tem eficácia comprovada e coloca em risco a vida dos pacientes por impurezas. A denúncia foi feita, em janeiro passado, pelo UCHO.INFO, que na sequência foi escandalosamente copiado pelo programa Fantástico.

Ricardo Barros deveria desvencilhar-se do proselitismo barato, pois suas declarações não merecem crédito algum. Aliás, o ministro poderia tomar ciência do que ocorre no âmbito da saúde pública, uma vez que pacientes com câncer têm enfrentado seguidos indeferimentos por parte do SUS quando da solicitação de exames, como, por exemplo, PET/CT, técnica de diagnóstico por imagem em Medicina Nuclear que permite a visualização de alterações metabólicas do organismo.

O ainda ministro finge desconhecer essa realidade, pois quando necessita recorre ao nababesco plano de saúde disponibilizado aos parlamentares pela Câmara dos Deputados, com direito a atendimento e procedimentos cirúrgicos nos melhores e mais caros hospitais privados do País.

Desde já, o UCHO.INFO lança um desafio a Ricardo Barros: que abra sua gestão para análise aprofundada, do tipo “pente fino”, começando pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS).

Resumindo, o ministro Ricardo Barros não é digno de confiança e sua suposta competência passa ao largo do cargo, assim como o presidente da República, preocupado em manter-se no Palácio do Planalto, é movido pela covardia.

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