Após declaração polêmica sobre médicos, ministro da Saúde mente ao falar de “prontuário eletrônico”

Depois da desastrada declaração de que os médicos do Sistema Único de Saúde (SUS) “deveriam parar de fingir que trabalham”, o ainda ministro da Saúde acelerou o passo na tentativa de minimizar o estrago, mas tudo indica que seu plano deu errado. Isso porque os médicos de todo o País continuam firmes no propósito de uma paralisação generalizada no próximo dia 3 de agosto, uma quinta-feira.

À frente da pasta da Saúde apenas porque o partido ao qual é filiado, o PP, vendeu apoio ao governo de Michel Temer, assim como fez na era petista, Ricardo Barros é um político arrogante que deveria explicar à população como operar o milagre da multiplicação. Afinal, Barros vem financiando campanhas eleitorais de vários integrantes da família – mulher, filha e irmão –, algo impossível com o solário de parlamentar.

Sem ter dado explicações convincentes sobre o caso da L-Asparaginase chinesa, escândalo denunciado com exclusividade pelo UCHO.INFO em janeiro passado, Barros agora tenta conter os efeitos colaterais sobre infame declaração sobre os médicos do SUS, que trabalham de acordo com o que o Ministério da Saúde disponibiliza nos hospitais públicos.

Aproveitando o trabalho da assessoria de imprensa da pasta, Ricardo Barros participou de programa comandado pelo jornalista Alexandre Garcia, da GloboNews, ocasião em que teve de dividir o estúdio com Carlos Vital, presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), que deu destaque para o “sincericídio” do ministro.


A desfaçatez de Ricardo Barros é tamanha, que no programa ele ousou dizer que “tem vontade de fazer a diferença”. Ora, se o objetivo do ministro é fazer a diferença, que determine o recolhimento da L-Asparaginase chinês, medicamento de eficácia não comprovada e com inúmeras impurezas, o que coloca em risco a vida de crianças que sofre de Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA).

Voltando ao tema… Que Ricardo Barros é falastrão todos sabem, mas seu discurso escorregadio vez por outra acaba por convencer os incautos. No encerramento do programa, o ministro disse “ao término da nossa gestão vamos entregar um SUS melhor”.

Ousado, Ricardo Barros disse que “a informatização será um bem precioso pro cidadão”. O ministro pode falar o que quiser, até porque o Brasil é uma democracia que, como tal, privilegia o direito à livre manifestação do pensamento, mas falar em informatização sem abrir a “caixa preta” do DataSUS é, como diz a sabedoria popular, “enxugar gelo”.

Como todo político brasileiro que se preza, Ricardo Barros não esboça preocupação com a mitomania. No programa da GloboNews, o ministro exaltou o “prontuário eletrônico”, como se esse fosse um projeto desenvolvido pelo ministério. Na verdade, o prontuário eletrônico é um projeto desenvolvido e custeado por importantes e conhecidos hospitais particulares brasileiros, como contrapartida das isenções fiscais que recebem do governo por atendimento gratuito à população.

Coincidência ou não, um dia antes do programa o editor do UCHO.INFO conversou com um médico que integra o grupo que está desenvolvendo o tal prontuário eletrônico. O profissional disse que não demoraria muito para o ministro assumir a paternidade do projeto que será finalizado e entregue oficialmente às autoridades em agosto próximo.

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