Setores da imprensa faltam com a verdade ao tratar da participação do BNDES na privatização da Cedae

Há um movimento deliberado em setores da imprensa, formado principalmente por grandes veículos de comunicação, para derrubar o governo de Michel Temer, que viu a crise política agravar-se com intensidade e rapidez na esteira da estranha e premiadíssima delação da JBS. Com isso, profissionais da imprensa acabam levando ao cidadão informações distorcidas, apenas porque a ordem é bombardear o Palácio do Planalto e elevar a audiência no rastro do sensacionalismo midiático.

Como sempre afirmamos, o papel do UCHO.INFO não é defender Temer ou qualquer governante envolvido em escândalo, mas ater-se à verdade como forma de manter a qualidade da informação. Notícias começaram a ser divulgadas dando conta que o presidente da República estaria usando o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para “comprar” a bancada fluminense na Câmara dos Deputados para garantir a rejeição da denúncia por corrupção passiva.

Na verdade, o BNDES participa da venda da Companhia Estadual de Água e Esgoto do Rio de Janeiro (Cedae) na condição de líder do processo de privatização da empresa, o que não significa que o banco de fomento abrirá o cofre para garantir votos a favor de Michel Temer no plenário da Câmara dos Deputados. Afirmar que essa manobra está em marcha é, além de jornalismo de quinta, disposição para enganar a opinião pública.

A notícia vem sendo divulgada afirma que o BNDES está socorrendo o estado do Rio de Janeiro, que vive um crescente caos financeiro, algo que deveria fazer com outras unidades da federação que enfrentam dificuldades.


É importante salientar que os problemas vividos por vários estados e milhares de municípios é resultado da política econômica desastrada adotada pelo Partido dos Trabalhadores, que apostou no populismo barato e na fanfarronice palaciana para manter-se no poder. No momento em que os governos petistas adotaram a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) como forma de estimular a economia, era sabido que isso impactaria os fundos de participação dos estados e dos municípios (FPE e FPM).

A disposição do BNDES de antecipar ao governo do R$ 3,5 bilhões, dinheiro que será utilizado para colocar em dia os salários atrasados dos servidores, não representa a compra de parlamentares e muito menos a pavimentação de um caminho para Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, chegar ao Palácio Guanabara na condição de governador.

O processo de privatização da Cedae envolverá bancos privados, podendo o BNDES participar do negócio caso seja interessante para a instituição financeira federal. De igual modo, o BNDES poderá assumir o controle da Cedae, desde que o negócio seja lucrativo e não comprometa o fluxo financeiro do banco.

Melhor seria se esses profissionais de comunicação noticiassem que o BNDES acabou sócio da JBS porque em dado momento as debêntures, decorrentes do empréstimo à empresa comandada pelos irmãos Wesley e Joesley Batista, foram transformadas em participação acionária. Ou seja, se a eventual aquisição da Cedae pelo BNDES for um negócio lucrativo, não há razão para o banco de fomento não bater o martelo. Mesmo assim, nada está decidido em relação ao tema.

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