Preso na Operação Cobra, Aldemir Bendine é emocionalmente instável e pode aderir à delação premiada

A prisão de Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, pode trazer novos e escaldantes capítulos à Operação Lava-Jato, em cartaz desde março de 2014. Homem de confiança dos ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff, o abusado Bendine chegou ao comando da estatal petrolífera para promover uma “operação abafa”, cujo intuito era evitar que novos escândalos de corrupção viessem à tona.

Foi na sua gestão que o País tomou conhecimento de que a Petrobras havia destruído as gravações da reunião do Conselho Administrativo sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas.

Como todo corrupto que se preza, Aldemir Bendine, conhecido como Dida, apostou na impunidade e aproveitou a ocasião para cobrar propina do Grupo Odebrecht, assunto que foi negociado diretamente com o herdeiro do conglomerado de empresas, Marcelo Bahia Odebrecht, preso na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba, para onde foi levado o ex-presidente do BB.

Bendine não é daqueles “companheiros” que resistem a todas as agruras em nome da ideologia. Ao contrário, o ex-presidente da Petrobras é considerado vulnerável a pressões, o que pode culminar em um explosivo e comprometedor acordo de colaboração premiada.


Caso essa hipótese se confirme – os amigos de Bendine apostam nisso –, o primeiro a ser arrastado ao olho do furacão atende pelo nome de Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda e acusado por vários delatores de ter operado o caixa de propina do Partido dos Trabalhadores.

A fragilidade emocional de Aldemir Bendine é o fator que mais preocupa os “companheiros” da cúpula do PT, pois ele não teria agido de forma isolada no caso da cobrança de propina da Odebrecht. Ou seja, alguns integrantes do staff petista sabiam da ação e consentiram com a prática criminosa. O que pode complicar aqueles que o indicaram ao cargo: Lula e Dilma.

Para que os leitores entendam o que representa a prisão de Aldemir Bendine para o PT, um requerimento de informações protocolado na Câmara dos Deputados, em 2015, para que fossem esclarecidos os detalhes da carona dada à alpinista social Val Marchiori em avião do Banco do Brasil, teve de ser negociado com parlamentares.

Assustado com a possibilidade de ter de explicar, de forma pública, o que aconteceu no voo até Buenos Aires, Bendine pediu a interlocutores para que o tal requerimento fosse arquivado. A alegação usada na negociação foi o fato de que a família do outrora presidente do BB ficaria exposta e que o assunto provocaria arranhões na relação de Aldemir Bendine com a filha.

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