Lava-Jato: Moro aceita denúncia e Lula vira réu no caso do sítio em Atibaia; situação do petista piora

Se a situação de Lula no âmbito da Justiça não era das mais confortáveis, a partir de agora pode piorar consideravelmente. Nesta terça-feira (1), o juiz Sérgio Moro aceitou denúncia contra o ex-presidente e outras doze pessoas no caso do polêmico Sítio Santa Bárbara, em Atibaia, cidade do interior paulista.

De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), Lula recebeu propina proveniente de seis contratos firmados entre a Petrobras e as empreiteiras Odebrecht e OAS, sendo os valores ilícitos repassados ao petista por meio de reformas realizadas na propriedade. Segundo a denúncia, as melhorias no sítio totalizaram R$ 1,02 milhão.

Apesar de o imóvel estar em nome dos empresários Fernando Bittar e João Suassuna Filho, sócios de Fábio Luis Lula da Silva, filho do ex-metalúrgico, ao longo das investigações foram encontrados diversos elementos que comprovariam ser o sítio de propriedade do petista-mor. Entre os elementos encontrados pelos investigadores estão objetos pessoais, roupas e indícios de visitas frequentes ao imóvel, além de um barco de alumínio que foi comprado pela ex-primeira-dama Marisa Letícia e cuja nota fiscal foi emitida em seu nome. De acordo com o MPF, entre 2011 e 2016, Lula esteve 270 vezes no local.

Como noticiou em diversas ocasiões o UCHO.INFO, o enredo do tal sítio é fraco e colocaria Lula em situação de extrema dificuldade perante a Justiça. De acordo com o juiz Sérgio Moro, as provas apresentadas conseguem embasar a acusação de que Lula é o verdadeiro dono do imóvel.

“Os elementos probatórios juntados pelo MPF e também colacionados pela Polícia Federal permitem, em cognição sumária, conclusão de que o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva comportava-se como proprietário do Sítio de Atibaia e que pessoas e empresas envolvidas em acertos de corrupção em contratos da Petrobrás, como José Carlos Cosa Marques Bumlai, o Grupo Odebrecht e o Grupo OAS, custearam reformas na referida propriedade, tendo por propósito beneficiar o ex-Presidente”, afirmou o juiz.

No despacho, Moro destacou que, segundo relatos e documentos apreendidos, as reformas no sítio efetuadas pelo pecuarista José Carlos Bumlai e pela Odebrecht começaram antes do final do mandato presidencial (dezembro de 2010). O juiz ressalta que José Adelmário Pinheiro Filho, conhecido como Léo Pinheiro e ex-presidente da OAS, afirmou que os custos das reformas no sítio foram abatidos de conta geral de propinas que tinha, como pano de fundo, contratos da empreiteira com a Petrobras.


“Por outro lado, não há qualquer registro de que o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha pago qualquer valor por essas reformas realizadas no Sítio de Atibaia”, afirmou o juiz.

Como se fosse pouco, Emílio Alves Odebrecht, presidente do Conselho de Administração do grupo empresarial, afirmou em juízo que tratou com o próprio Lula sobre questões relacionadas à reforma no sítio, como o cumprimento do prazo de entrega das obras.

Lula, sempre dissimulado e tentando provar sua falsa inocência, nega as acusações e diz que os donos do sítio são dois sócios de seu filho. É nesse ponto que o ex-presidente complica-se ainda mais, pois uma gravação telefônica feita pela Polícia Federal mostra Lulinha autorizando a entrada no imóvel de Kalil Bittar, irmão de Fernando Bittar, cujo nome aparece como um dos proprietários do sítio.

Outro detalhe comprometedor envolve o empresário Jonas Suassuna Filho, o segundo sócio de Lulinha. Suassuna mora na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro, e é dono de uma espetacular mansão na Ilha dos macacos, no litoral fluminense. Ou seja, por questões logísticas uma propriedade no interior de São Paulo configura verdadeiro absurdo. Fora isso, a mulher de Suassuna Filho, em depoimento à Justiça, disse que na única vez que visitou o imóvel foi obrigada a dormir em um hotel da cidade, pois o sítio estava ocupado pela família de Lula.

Tornaram-se réus no caso do sítio, ao lado de Lula, as seguintes pessoas: Marcelo Odebrecht, ex-presidente da Odebrecht (corrupção ativa); José Adelmário Pinheiro Filho, ex-presidente da OAS (corrupção ativa e lavagem de dinheiro); José Carlos Bumlai, pecuarista (lavagem de dinheiro); Agenor Franklin Medeiros, ex-executivo da OAS (corrupção ativa); Rogério Aurélio Pimentel, ex-assessor especial da Presidência (lavagem de dinheiro); Emílio Odebrecht, dono do Grupo Odebrecht (lavagem de dinheiro); Alexandrino de Alencar, ex-executivo da Odebrecht (lavagem de dinheiro); Carlos Armando Guedes Paschoal, ex-diretor da Odebrecht (lavagem de dinheiro); Emyr Diniz Costa Junior, engenheiro da Odebrecht (lavagem do dinheiro); Roberto Teixeira, advogado de Lula (lavagem de dinheiro); Fernando Bittar, empresário e sócio de um dos filhos de Lula (lavagem de dinheiro); e Paulo Gordilho, engenheiro da OAS (lavagem de dinheiro).

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