UCHO.INFO noticiou em 2015 que motorista de Bendine levou-o com sacola com “mações de R$ 100”

Responsável na primeira instância da Justiça Federal, em Curitiba, pelos processos resultantes da Operação Lava-Jato, o juiz Sérgio Moro disse ser “vergonhoso” o fato de Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, ter tentado persuadir o motorista Sebastião Ferreira da Silva, conhecido como “Ferreirinha”, de prestar depoimento, em 2014, em investigação da Procuradoria da República, em São Paulo.

“Colhidas ainda provas de que, em investigação anterior, Aldemir Bendine, contando com o auxílio de cúmplices, ameaçou e pressionou motorista que lhe prestou serviços no Banco do Brasil, Sebastião Ferreira da Silva, a não depor ou a prestar falso testemunho em investigação acerca de aquisição de bem imóvel com vultosos valores em espécie.”

“A apreensão de manuscrito em sua residência, com anotações nesse sentido (“encontro c/ motorista” “p/ dissuadi-lo a não depor no MPF”) e o depoimento da própria testemunha relatando as pressões e ameaças, são provas, em cognição sumária, de um vergonhoso episódio, no qual o então presidente do Banco do Brasil teria pressionado testemunha, pessoa simples, motorista que prestava serviços a ele e à instituição financeira, para não falar a verdade, obstruindo assim a Justiça”, emendou o juiz em seu despacho.

“Embora seja conduta relativa a investigação pretérita, também autoriza conclusão, pelo modus operandi, de que a presente investigação e instrução está em risco, já que testemunhas poderão aqui ser igualmente intimidadas de forma indevida a não falar a verdade em Juízo”, completou o magistrado.

A pressão exercida por Aldemir Bendine sobre o motorista não é novidade, pelo menos para os leitores do UCHO.INFO, que em 6 de fevereiro de 2015 publicou matéria sobre escândalos envolvendo o então presidente do Banco do Brasil.


Em depoimento ao Ministério Público Federal, em 2014, Ferreirinha disse que a mando de Bendine fez vários pagamentos em dinheiro vivo. O motorista afirmou que certa feita conduziu o ex-executivo BB com uma sacola recheada com “mações” de R$ 100. O dinheiro, segundo o depoente, seria um empréstimo a Marcos Fernandes Garms, amigo e irmão-camarada e Bendine.

Aldemir Bendine era figura de destaque no meio político à época do governo de Dilma Rousseff, mas ganhou notoriedade com a eclosão do escândalo envolvendo a alpinista social Val Marchiori. A socialite teria conseguido em condições especialíssimas um empréstimo no Banco do Brasil, algo que só foi possível por causa da amizade mais que íntima com Bendine.

O outrora presidente do BB negou conhecer Marchiori, mas o motorista “Ferreirinha” confirmou às autoridades ter buscado várias vezes a apresentadora a pedido do patrão. O que mostra ser Bendine um adepto das mentiras ou, talvez, das verdades esculpidas com o cinzel da conveniência.

O imbróglio envolvendo Val Marchiori rendeu dividendos negativos, pois Bendine foi alvo de um requerimento de informações protocolado na Câmara dos Deputados para que explicasse a carona dada à socialite no avião do Banco do Brasil em viagem a Buenos Aires.

Preocupado com a repercussão do caso e com os estragos que isso provocaria à família, em especial às duas filhas, Aldemir Bendine conseguiu, após negociação, arquivar o requerimento de informações. Apesar desses escândalos, Bendine foi escolhido por Dilma para assumir o comando da Petrobras, em substituição a Maria das Graças Foster, e impedir a divulgação de novos casos de corrupção na estatal. Como se não tivesse compreendido a missão, Bendine cobrou propina da Odebrecht na condição de presidente da petrolífera nacional

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