Propina paga a Sérgio Cabral na reforma do Maracanã era algo esperado; UCHO.INFO alertou para o perigo

Em 31 de outubro de 2007, quando a FIFA anunciou, na sua sede em Zurique, que o Brasil sediaria a Copa do Mundo de 2014, o UCHO.INFO não precisou de muito tempo para afirmar que se tratava de um absurdo por parte da entidade máxima do futebol planetário e de uma enorme irresponsabilidade do governo do então presidente Lula.

Naquele momento, quase uma década atrás, este portal foi duramente criticado por pessoas que viram no anúncio uma oportunidade para o País ganhar posição de destaque no cenário internacional, mas mantivemos nossa posição contrária ao evento, apesar das pressões sofridas. Afirmamos na ocasião que o Brasil tinha prioridades muito mais sérias a serem atendidas e que um evento da magnitude da Copa do Mundo não tinha espaço na nossa dura realidade.

Também afirmamos que o evento esportivo, a exemplo do que ocorrera com os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro (2007), serviria apenas para encher os bolsos de políticos corruptos e “cartolas”, que não demorariam a entrar em cena para superfaturar obras e cobrar propinas milionárias. E infelizmente foi o que aconteceu na extensa maioria das doze arenas esportivas erguidas ou reformadas para a Copa de 2014, algumas consideradas desde os respectivos projetos “elefantes brancos”.


O maior escândalo nessa seara ficou por conta da edificação do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, cuja conta final ficou em R$ 1,8 bilhão – há quem garanta que o valor é maior – contra um orçamento inicial de R$ 700 milhões. Considerando que Brasília, assim como Goiás, não é reconhecida pela pujança futebolística, o Governo do Distrito Federal é obrigado, vez por outra, a “importar” partidas de futebol dos mais variados campeonatos nacionais.

Contudo, o mais recente imbróglio envolvendo os estádios da Copa tem na ementa o bom e velho Maracanã (Estádio Mário Filho). Dono da Delta Construções e um líderes da chamada “República do Guardanapo”, o empresário Fernando Cavendish, que está em prisão domiciliar desde julho de 2016, disse à Justiça Federal, durante depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, que a participação (30%) de sua empresa no consórcio responsável pela reforma do Maracanã custou 5% em propina paga ao então governador Sérgio Cabral Filho (PMDB).

Tomando por base que a reforma do lendário estádio custou a fortuna de R# 1,3 bilhão, Cabral Filho e sua gangue embolsaram, na pior das hipóteses, R$ 65 milhões em propina, cabendo à Delta o desembolso de 30% desse valor (R$ 19,5 milhões). Segundo Fernando Cavendish, a propina foi paga em espécie e não tem qualquer relação com doação de campanha a Cabral por meio de caixa 2. O empresário se recusou a comentar o episódio sobre a compra de um anel no valor de R$ 800 mil que o então governador deu à sua mulher, a advogada Adriana Ancelmo, que cumpre prisão domiciliar em apartamento no bairro do Leblon, na zona sul carioca.

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