Trump condena atentado em Barcelona, mas em seguida mostra ao mundo sua delinquência intelectual

Que Donald Trump é um destemperado que age como bufão profissional todos sabem, inclusive seus aduladores da extrema direita, mas aos poucos sua delinquência intelectual ganha terreno e começa a assustar o planeta. Refém do radicalismo direitista que o colocou na Casa Branca, Trump tem dado declarações que contrariam o bom senso e atentam contra a democracia.

Na trágica quinta-feira (17), após o atentado em Barcelona, o presidente norte-americano condenou a ação dos terroristas, mas não demorou muito para, no Twitter, ressuscitar um episódio que lhe causou constrangimentos durante a campanha presidencial. Trump, o apasquinado, sugeriu a seus seguidores que estudem o que “general Pershing fez aos terroristas quando os capturou”. De acordo com o presidente americano, o militar teria conseguido evitar ataques terroristas “por 35 anos”.

A postagem na rede social fez referência à lenda creditada ao general John Joseph Pershing, que após a vitória dos EUA governou (1909 a 1913) a província filipina de Moro, predominantemente muçulmana. De acordo com a lenda que há décadas circula nos Estados Unidos, Pershing teria capturado 50 extremistas islâmicos que tentavam desestabilizar o domínio ianque na tal província com ataques terroristas.


Segundo o mito, o general teria banhado projéteis em sangue de porco e executado 49 dos terroristas capturados, deixando apenas um vivo para que a população local soubesse o que havia acontecido com o restante que foi assassinado. Reza o folclore que com tal atitude Pershing teria amedrontado a comunidade muçulmana, pois o Islã proíbe a ingestão de carne de porco e derivados, impedindo a realização de novos ataques.

Durante a corrida presidencial americana de 2016, historiadores e veículos de comunicação implodiram o mito, divulgando detalhes acerca do período em que John Pershing governou a província de Moro, deixando evidente que a lenda permanece como tal. Em 2016, oito historiadores consultados pelo site PolitiFact afirmaram que o relato sobre a façanha de Pershing é falso. Ou seja, Trump vale-se de “fake news”, algo que condena com veemência.

A delinquência intelectual de Donald Trump é tão avassaladora, que ele sequer consegue perceber que seu comentário esdrúxulo e repulsivo viola a legislação internacional, pois defende a execução de prisioneiros, considerado crime de guerra.

Ao condenar o atentado terrorista em Barcelona e defender a execução de muçulmanos, com detalhes que atentam contra a fé islâmica, Trump mostra que é não apenas um ser humano teratológico, mas de dupla personalidade. Afinal, o crime cometido pelos terroristas na cidade catalã é idêntico ao levado a cabo pelos supremacistas brancos em Charlottesville, que atropelaram manifestantes contra o racismo, deixando um morto e vários feridos.

O incidente ocorrido no estado da Virginia foi considerado “terrorismo doméstico” pelas autoridades americanas, mas Donald Trump culpou os contrários ao racismo pelo trágico episódio.

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