Brasileiros precisam agir com firmeza e rapidez contra fundo público para financiamento de campanhas

Na terça-feira (22), deputados federais prometem votar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que trata da reforma política, que na verdade não passa de uma manobra eleitoral para garantir não apenas a reeleição da maioria dos parlamentares – um terço dos deputados está sob investigação –, mas dinheiro público para as campanhas.

Com o objetivo anunciado de financiar a democracia, o que não é verdade, o tal fundo público, que inicialmente contaria com R$ 3,6 bilhões (0,5% sobre a receita líquida do governo federal), teve o valor reduzido após pressão da sociedade, até porque o País ainda enfrenta os efeitos colaterais de uma crise econômica grave e sem precedentes. Com isso, o valor do tal fundo poder ser de R$ 2 bilhões, segundo o relator do projeto, deputado Vicente Cândido (PT-SP), mas mesmo assim os brasileiros estão diante de um enorme e bilionário absurdo.

O que os políticos buscam com essa ousada e mentirosa reforma, no tocante a recursos, é compensar a falta do dinheiro imundo da corrupção, que desapareceu no vácuo da Operação Lava-Jato, que mandou pelos ares um esquema criminoso que funcionou deliberadamente durante uma década na Petrobras e outras estatais, fazendo a alegria de parlamentares, autoridades e legendas.


Se o governo do presidente Michel Temer (PMDB) é merecedor de críticas por parte dos parlamentares, não há razão de exigir a criação de um fundo bilionário, abastecido com o suado dinheiro do contribuinte, no momento em que corte de gastos e revisão da meta fiscal estão na pauta do dia como forma permitir o fechamento das contas federais. Ou seja, a hipocrisia está a se fazer presente, sem que os brasileiros protestem contra esse escárnio.

Em relação ao novo modelo eleitoral, possivelmente um “distritão light”, a proposta serve para viabilizar a reeleição daqueles que estão no poder, algo que, ato contínuo, significa a manutenção do foro especial por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado. Afinal, um em cada três deputados são investigados, a maioria no âmbito da Operação Lava-Jato.

É preciso que a população reaja com firmeza e celeridade, pois a se confirmar o novo modelo eleitoral o status quo será mantido. Em outras palavras, o Brasil terá mais do mesmo, apesar da anunciada reforma.

Não se pode negar que a democracia depende da política para existir debaixo de um manto legal, mas beira a irresponsabilidade pensar em reorganizar o País, como um todo, com um Parlamento dominado por políticos profissionais e movidos pelo fisiologismo.

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