Presidente da Colômbia oferece asilo político à ex-procuradora-geral venezuelana

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, ofereceu nesta segunda-feira (21) asilo político Luisa Ortega Díaz, ex-procuradora-geral da Venezuela e uma das principais vozes de oposição ao regime ditatorial Nicólas Maduro. A jurista, destituída do cargo no início de agosto, fugiu para Bogotá com o marido, o deputado chavista Germán Ferrer.

“A procuradora Luisa Ortega Díaz se encontra sob a proteção do governo colombiano. Se pedir asilo, concederemos”, afirmou Santos em mensagem divulgada no Twitter.

O governo colombiano manteve em absoluto sigilo o caso da ex-procuradora, que foi destituída pela Assembleia Nacional Constituinte sob a acusação de ter cometido “atos imorais”. Ortega Díaz não reconheceu a decisão e considerou o movimento um passo a mais do governo de Maduro para o estabelecimento de uma ditadura.

A jurista deixou a Venezuela depois de seu marido ter a prisão decretada na quarta-feira. O deputado foi acusado de estar envolvido em uma rede de extorsão que funcionaria dentro do Ministério Público enquanto Ortega Díaz comandou o órgão.

Ortega Díaz e Ferrer chegaram a Bogotá na última sexta-feira (18), provenientes de Aruba, onde desembarcaram de um pequeno barco que partiu da costa venezuelana. O truculento governo de Caracas havia proibido os dois de deixarem o país.


Apesar de ser por anos uma chavista declarada, a ex-procuradora-geral distanciou-se do governo Maduro, transformando-se em uma das principais vozes contra o presidente ao denunciar rupturas constitucionais após decisões do Tribunal Supremo e rechaçar a Assembleia Constituinte. Seu marido também é crítico das recentes decisões tomadas a partir do Palácio de Miraflores, sede do Executivo venezuelano.

Como procuradora-geral, Luisa Ortega Díaz criticou ainda a atuação da polícia durante os protestos contra Maduro, que em quatro meses deixaram mais de cem mortos, cerca de 2 mil feridos e registraram 5 mil detenções.

Seu sucessor, Tarek William Saab, também vinculado ao chavismo, acusou Ortega Díaz no último dia 17 de agosto de ser a “autora intelectual” de todas as mortes ocorridas durante a onda de protestos na Venezuela contra o governo de Maduro ao questionar a autoridade do Supremo Tribunal de Justiça e do processo da Constituinte.

Na sexta-feira, falando a procuradores latino-americanos, Ortega Díaz acusou Maduro de envolvimento no esquema de pagamentos de propina realizado pela empreiteira Odebrecht em trocas de contrato no país e disse que sua destituição visava acabar com as investigações sobre o caso. (Com agências internacionais)

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