As Forças Armadas do Irã exibiram, nesta sexta-feira (22), um novo míssil balístico com alcance de dois mil quilômetros durante desfile militar em Teerã, apesar das advertências dos Estados Unidos contra o programa armamentista do país.
O míssil, nomeado Jorramshahr, é capaz de transportar múltiplas ogivas, de acordo com o general de brigada Amir Ali Hajizadeh, citado pela televisão estatal. Comandante da divisão aeroespacial da Guarda Revolucionária, Hajizadeh explicou que o míssil é de “um tamanho menor e mais tático e estará operacional num futuro próximo”.
Este novo avanço militar ocorre, apesar da recente imposição de Washington, em meio a várias rodadas de sanções contra entidades e indivíduos iranianos ligados ao programa de mísseis de Teerã.
O presidente iraniano, Hassan Rohani, afirmou que seu país aumentará sua capacidade militar e reforçará seus programas armamentistas, incluindo o de mísseis. “Queiram ou não, vamos reforças nossas capacidades militares, necessárias em termos de dissuasão. Não precisamos da permissão de ninguém para defender a nossa pátria”, disse Rohani, durante um desfile militar em Teerã em comemoração ao início da guerra entre Irã e Iraque, em 1980. “Vamos desenvolver os nossos mísseis e também as nossas forças aérea, terrestre e marítima.”
O Irã desenvolveu um vasto programa balístico nos últimos anos, o que levou os Estados Unidos, mas também a Arábia Saudita – principal rival na região – e alguns países europeus, como França, e também Israel a manifestarem suas preocupações. O Irã sempre defendeu que seu programa militar é apenas defensivo.
A tensão entre Teerã e Washington ficou evidente nesta semana, na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), na qual o presidente americano, Donald Trump, fez duras críticas aos programas militares da República Islâmica e o acordo nuclear assinado em 2015 entre Irã e seis grandes potências mundiais.
O presidente americano chamou de vergonhoso o acordo nuclear e disse que seu governo pode abandoná-lo se suspeitar que ele “proporciona cobertura para uma eventual construção de um programa nuclear”.
“Francamente, esse acordo é uma vergonha para os EUA, e não acredito que os senhores tenham ouvido a minha última palavra a respeito”, disse Trump, que definiu o Irã como uma “ditadura corrupta” que tenta desestabilizar o Oriente Médio. Ele pediu ao governo em Teerã para que pare de “financiar o terrorismo”.
Na quarta-feira (20), o presidente do Irã usou seu discurso na Assembleia Geral ONU para rebater as críticas de Trump. “Seria uma grande pena se esse acordo [nuclear] fosse destruído por corruptos recém-chegados ao mundo político. O mundo perderia uma grande oportunidade”, afirmou.
“Ao violar seus compromissos internacionais, a nova gestão americana só destrói sua própria credibilidade e mina a confiança internacional em negociar com o país ou aceitar sua palavra ou promessa”, conclui Rohani.
Não é novidade para quem transita com destreza na seara da política internacional que Donald Trump em um néscio em questões de diplomacia. Truculento no discurso e frouxo nas ações, as quais ficam apenas no campo das ameaças, Trump deveria estudar muito sobre o Oriente Médio antes de fazer declarações estapafúrdias. Parceira de primeira hora dos EUA na região, a Arábia Saudita é o maior financiador do terrorismo internacional.
A família real saudita (dinastia Saud) é sunita, mais precisamente adepta do wahabismo, corrente radical do islamismo e raiz ideológica do grupo terrorista “Estado Islâmico”. É importante ressaltar que nos atentados de 11 de Setembro, levados a cabo em 2001, a maioria dos terroristas era de origem saudita. Ou seja, Trump continua refém de delinquentes internacionais enquanto brinca de xerife do planeta. (Com agências internacionais)