Decisão de ministros do STF sobre Aécio Neves desgasta ainda mais a combalida imagem do PSDB

Na eleição presidencial de 2014, o mineiro Aécio Neves (PSDB) talvez tenha vivido seu momento maior como político, apesar de sua pífia trajetória só ter sido possível por causa da morte do avô, Tancredo Neves. Não fosse esse fato, Aécio continuaria sendo um playboy mimado de Minas Gerais, que ousou enganar dezenas de milhões de brasileiros com seu falso “bom-mocismo” ao enfrentar Dilma Rousseff nas urnas.

Tão corrupto quanto os petistas que denunciou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pelo menos é o que mostram as investigações, Aécio Neves é mais um entre tantos políticos que se valem da corrupção para manter o status quo. Flagrado em conversas nada republicanas com o empresário Joesley Batista, Aécio disse ter pedido ao dono da JBS dinheiro (R$ 2 milhões) para pagar os honorários do advogado que o defende o âmbito da Operação Lava-Jato.

Essa desculpa não convenceu os ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que na terça-feira (26), após rejeitarem o pedido de prisão do tucano mineiro, decidiram, por 3 votos a 2, pelo seu imediato afastamento do cargo. Ou seja, Aécio terá de mais uma vez deixar o Senado Federal. Além disso, o senador mineiro terá de permanecer em sua residência durante o período noturno, não poderá conversar com investigados na Lava-Jato (nesse rol está sua irmã, Andrea Neves) e não poderá deixar o País.

A situação de Aécio Neves é extremamente delicada e cada vez mais deteriora a já desgastada imagem do PSDB, que se movimenta nos bastidores para tentar chegar ao Palácio do Planalto, caso o candidato do partido vença a eleição presidencial do próximo ano. O que suscita dúvidas.


Não obstante, a permanência de Aécio na presidência nacional do PSDB, mesmo que licenciado, é um fator complicador para o partido, que vê alguns dos seus caciques serem dragados pela espiral da corrupção que tomou conta do País.

A decisão da Primeira Turma é passível de recurso e o veredicto final caberá ao plenário da Corte, onde o senador mineiro acredita reverter o cenário atual. Para tanto, Aécio conta com a atuação do criminalista Alberto Zacharias Toron.

Pois bem, se para pagar os honorários de seu advogado Aécio precisou recorrer a Joesley Batista, o senador precisa explicar como consegue custear uma defesa que tem na proa um dos mais caros e badalados criminalistas do País. Ademais, se o dinheiro repassado a Aécio pelo dono da JBS era lícito e fruto de um empréstimo, como alegou o próprio senador, não havia necessidade de o recurso ter sido entregue em uma mala a um primo do parlamentar (Frederico Pacheco) e levado a Belo Horizonte de carro.

Em relação a reverter no plenário do STF a decisão da Primeira Turma, Aécio tem o direito de sonhar com dias melhores, mas tudo leva a crer que tudo ficará como está. A grande questão é que uma decisão final sobre o caso de Aécio demorará alguns anos, o que permitirá ao senador concorrer a novo cargo eletivo em 2018. Desgastado politicamente, Aécio Neves deve tentar uma vaga na Câmara dos Deputados para manter o foro especial por prerrogativa de função, o chamado foro privilegiado. Qualquer projeto mais ousado está fadado ao fracasso.

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