Lava-Jato: epopeia dos recibos de aluguel ganha capítulo extra e complica a já difícil situação de Lula

Réu em seis ações penais e condenado a nove anos e seis meses de prisão, em primeira instância, o petista Lula se autointitula o “homem mais honesto do Brasil”, mas esse mantra de camelô começa a desmoronar no rastro das falácias que brotam dos processos a que o petista responde.

A situação mais complicada e grave surgiu há dias, quando a defesa do ex-presidente da República apresentou à Justiça recibos de pagamento do aluguel de um apartamento contiguo ao de Lula. Na opinião dos investigadores da Operação Lava-Jato, o imóvel em questão é fruto de propina paga pela Odebrecht ao petista.

Os recibos causaram desconfiança pelo fato de dois deles trazerem datas que não constam no calendário cristão: 31 de junho e 31 de novembro. Não obstante, erros de grafia chamaram a atenção das autoridades e também da opinião pública.

No último dia 13 de setembro, durante depoimento ao juiz Sérgio Moro, em Curitiba, Lula mostrou irritação ao ser questionado sobre o apartamento registrado em nome do empresário Glaucos da Costamarques, mas disse que procuraria junto aos contadores os respectivos recibos de aluguel do imóvel.

Diante da polêmica que surgiu no rastro dos bisonhos documentos, Costamarques afirmou ter assinado todos os recibos de aluguel referentes a 2015 de uma só vez. Os recibos, segundo Glaucos, foram levados a ele pelo contador João Muniz Leite, a pedido do advogado Roberto Teixeira (compadre de Lula), e assinados em novembro de 2015 no Hospital Sírio-Libanês, onde o empresário estava internado.


A defesa de Glaucos Costamarques deve ajuizar ainda nesta quinta-feira (27) petição na 13.ª Vara da justiça Federal de Curitiba, detalhando a forma como os comprovantes foram assinados. Os advogados querem solicitar imagens do circuito interno do hospital para comprovar as visitas feitas a Costamarques pelo contador e por Roberto Teixeira. Costamarques, que é primo do pecuarista José Carlos Bumlai (amigo de Lula), ficou hospitalizado entre 22 e 28 de novembro de 2015.

Tão logo surgiram as primeiras informações sobre as discrepâncias constantes nos recibos, o UCHO.INFO afirmou que era preciso considerar a possibilidade de fraude, uma vez que Lula vem tendo dificuldades para provar sua aludida inocência. Este portal também afirmou que era necessária a realização de perícia nos documentos, algo solicitado na sequência pelo Ministério Público Federal (MPF). Em caso de comprovação da fraude, o caso terá mais um ingrediente: tentativa de obstrução à Justiça por parte de Lula e seus advogados.

Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, o empresário Glaucos da Costamarques afirmou que de fevereiro de 2011 a novembro de 2015 não recebeu qualquer valor referente à locação do tal apartamento em São Bernardo do Campo, no Grande ABC, mas que mesmo assim declarou os respectivos valores à Receita Federal.

Apesar de grosseiros e alvo de galhofas, os erros de data e de grafia que constam nos recibos não invalidam a essência probatória dos documentos, mas é preciso reconhecer que alguém nessa canhestra “estória” está mentindo de forma deliberada e a Justiça há de apanhar o mitômano, cedo ou tarde.

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