Catalunha declarará independência “em questão de dias”, afirma líder do governo local

(AFP – Getty Images)

Em meio à polêmica do referendo que sacode a Espanha e coloca o governo de Madrid em alerta total, a Catalunha declarará sua independência em “questão de dias”, disse à BBC, nesta terça-feira (3), Carles Puigdemont, o controverso líder regional.

Na primeira entrevista desde o referendo realizado no último domingo (1), considerado ilegal pelo governo espanhol e marcado por violência, Puigdemont disse que seu governo “vai agir no final desta semana ou começo da próxima”.

“Provavelmente faremos isso quando tenhamos (computado) os votos do exterior – no final desta semana ou algo assim -, então agiremos no fim desta semana ou início da próxima”, afirmou o chefe do governo regional.

Sobre a possibilidade de o governo espanhol intervir e assumir o controle da administração regional, Carles Puigdemont afirmou que esse ato seria “um erro que mudaria tudo”.

“Cada semana, após cada erro (do governo de Madrid), ganhamos mais apoio da sociedade, uma maioria da Catalunha que não aceita esta situação. Portanto, um erro maior, como tomar controle de nossas finanças ou prender membros de nosso governo, inclusive eu, seria um erro que mudaria tudo.” Ou seja, Puigdemont está torcendo para que isso ocorra, mas não se deve desconsiderar o fato de que os resultados da medida são imprevisíveis.

O líder regional disse também que discorda do comunicado emitido, na segunda-feira (2), pela Comissão Europeia, que afirmava que os desdobramentos do referendo na Catalunha são questão interna da Espanha.


A entrevista de Puigdemont ocorreu pouco logo após um pronunciamento do rei Felipe VI, pela televisão, em que o monarca afirmou que as lideranças catalãs que organizaram o referendo demonstraram “desrespeito pelos poderes do Estado”.

“Eles romperam os princípios democráticos do Estado de direito”, afirmou Felipe VI, cobrando união e ressaltando que a ruptura poderia colocar em risco conquistas econômicas catalãs e espanholas.

A Catalunha é responsável por 20% do Produto Interno Bruto espanhol e está usando tal condição para alimentar a fogueira do separatismo, cujas labaredas ardem há anos.

Nesta terça-feira, no rastro de uma greve parcial em Barcelona, centenas de milhares de pessoas foram às ruas da capital catalã em protesto contra a repressão policial que marcou referendo, considerado inconstitucional pelo governo de Madrid.

De acordo com a polícia local, as manifestações reuniram cerca de 700 mil pessoas em diversos pontos de Barcelona, principalmente no centro da cidade, onde helicópteros da polícia monitoraram a multidão.

Em mensagem publicada em rede social, Carles Puigdemont afirmou que este “é um dia de protestos democráticos, cívicos e dignos”. “Não se deixe levar por provocações. O mundo já viu: somos pessoas pacíficas”, acrescentou o presidente do governo local. (Com agências internacionais)

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