Senado deixa para 17 de outubro votação sobre afastamento de Aécio Neves, acusado de corrupção

(Divulgação)

Após longa e intensa discussão, marcada por discursos repetitivos e enfadonhos, o plenário do Senado Federal decidiu adiar para o próximo dia 17 de outubro a votação sobre o afastamento do senador Aécio Neves (PMDB-MG) do mandato parlamentar e outras medidas cautelares, como, por exemplo, o recolhimento domiciliar noturno.

O plenário da Casa aprovou requerimento do senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), que defendia o adiamento da votação como forma de aguardar decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a matéria. A Corte julgará em 11 de outubro próximo Ação Indireta de Inconstitucionalidade (Adin), definindo se a imposição de medidas cautelares a senadores e deputados depende da autorização das respectivas Casas legislativas.

Com base nas delações de executivos do grupo J&F, controlador do frigorífico JBS, Aécio Neves foi afastado do mandato sob a acusação de corrupção passiva e obstrução à Justiça. O senador mineiro é acusado de receber propina de R$ 2 milhões para impedir o avanço das investigações da Operação Lava-Jato.


Presidente afastado do PSDB, Aécio Neves nega a acusação e alega ter sido “vítima de armação”, afirmando que o valor recebido do empresário Joesley Batista é fruto de um pedido de empréstimo para o pagamento dos honorários do criminalista que o defende na Lava-Jato.

Fosse de fato lícito, o dinheiro recebido de Joesley Batista não precisaria ser entregue em malas, mas transferido por meio de operação bancária. Frederico Pacheco de Medeiros, primo de Aécio, foi incumbido de receber o dinheiro da propina, posteriormente levado de carro a Belo Horizonte.

Se o problema de Aécio Neves era pagar os caros honorários de seu advogado, mantê-lo à frente da defesa parece um ato de recorrente irresponsabilidade financeira. Considerando que os mais badalados criminalistas brasileiros em ação na Lava-Jato e outras investigações cobram honorários na casa dos R$ 5 milhões, o senador mineiro precisa explicar aos brasileiros de bem como consegue honrar compromisso tão elevado em termos financeiros.

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