Presidente nacional do PT, a senadora Gleisi Helena Hoffmann (PR) não perde uma oportunidade sequer para pregar a suposta e falsa inocência dela própria, do marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações), e do “camarada” Lula, que é alvo de sete ações penais e já incluiu no currículo uma condenação à prisão.
Na tarde desta terça-feira (2), em discurso na tribuna do plenário do Senado, Gleisi Helena aproveitou a triste passagem com o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier, encontrado morto em um shopping de Florianópolis.
Afastado do cargo por determinação judicial, Cancellier, juntamente com outras seis pessoas, foi preso no último dia 14 de setembro por conta de investigação sobre desvio de recursos na entidade educacional. Alvo da Operação Ouvidos Moucos, da Polícia Federal, o reitor foi preso por obstrução à Justiça, mas liberado no dia seguinte. E causa espécie o fato de Cancellier ter sido libertado 24 horas após ser preso.
Há muito criticando as autoridades policiais por ter sido flagrada na lama do Petrolão, o maior esquema de corrupção da história da Humanidade, Gleisi disse que a direção da PF deve explicações sobre o suicídio cometido por Luiz Carlos Cancellier. O suicídio é um sinal de desespero da pessoa, que com o ato busca se libertar de algo que a incomoda profundamente. Sendo assim, a única pessoa que poderia dar explicações sobre o suicídio em questão infelizmente se suicidou. Ou seja, o próprio Cancellier.
Contudo, querer creditar à Polícia Federal a responsabilidade pelo suicídio de Luiz Carlos Cancellier é um misto de excesso de ousadia com oportunismo bandoleiro. Mercadorias que sobram no almoxarifado do Partido dos Trabalhadores.
Firme no propósito de defender aquele que a guindou à presidência do PT, Gleisi Helena, a “Amante” das planilhas de propinas das empreiteiras do Petrolão, disse que “a questão de prisão e de humilhações públicas tem se tornado corriqueira no País, inclusive feita com aparato midiático, para exatamente colocar a pessoa que é objeto de uma prisão ou de uma condução coercitiva numa situação de humilhação perante a sociedade”.
Políticos são flagrados saqueando os cofres públicos de maneira acintosa, ao ponto de levar a maior empresa nacional a um passo da bancarrota, mas Gleisi quer que os saltimbancos com mandato sejam tratados com pompa e circunstância.
Disposta a provocar a PF, mas desconhecendo as regras que permeiam uma investigação, a senadora paranaense criticou o fato de as ações policiais serem filmadas pelos agentes públicos que cumprem mandados judiciais. “É um prejulgamento, uma condenação antecipada. Isso é feito com desenvoltura pela Polícia Federal, inclusive utilizando-se de câmeras, eles próprios, para filmar suas vítimas – digo vítimas! –, como foi o caso do Presidente Lula naquela condução coercitiva absurda e equivocada”, esbravejou a utópica Gleisi.
A presidente dos petistas esquece que a filmagem de uma operação policial, em especial a condução de alguém alvo de mandado de prisão ou de outra medida, serve para preservar os direitos dos presos e dos agentes da PF, pois mais adianta ninguém poderá alegar abuso de autoridade ou violência.
Gleisi Helena está com a razão ao criticar o uso de cenas filmadas pela PF durante operações da corporação no filme “Polícia Federal: A lei é para todos”, um fracasso de bilheteria e de crítica. As cenas registradas por agentes da PF são de propriedade do Estado brasileiro e não deveriam ser cedidas ao interesse privado.
Sempre arrogante e abusando da dissimulação, Gleisi foi além em seu palavrório descabido e disparou: “É um País onde a presunção de inocência e o devido processo legal estão sendo substituídos pelo linchamento midiático”.
Nos tempos em que o PT engrossava a oposição, nos idos de 70 e 80, “companheiros” aterrissavam nas redações dos principais jornais do País com envelopes que continham denúncias não comprovadas e de origem duvidosa. Queriam os petistas que as denúncias fossem noticiadas a qualquer preço, não importando a presunção de inocência do alvo das acusações, na maioria das vezes infundadas ou fabricadas.
Em outras palavras, Gleisi Hoffmann não aceita o fato de que a PF apanhou Lula e seus comparsas no Petrolão, mas destila falsa inocência aos quatro cantos porque sabe que o destino do PT e dos “camaradas” não é dos mais animadores.
Se Antonio Palocci Filho, preso em Curitiba, diz que Lula se deixou levar pelo que há de pior na política, não cabe a Gleisi defender o indefensável. Até porque, Palocci sabe muito mais acerca das traquinagens petistas do que Gleisi Helena.
