Se retirar Bonifácio de Andrada da CCJ, PSDB experimentará peçonha peemedebista no caso Aécio

(Divulgação)

Boa parte dos caciques do PSDB continua exibindo o famoso “punho de renda”, o que faz com que tucanos adotem a postura do “não me toque”. Isso porque o partido continua acreditando ser a derradeira solução de uma barafunda chamada Brasil, como se Aécio Neves não fosse um problema e tanto.

Com o senador mineiro vivendo momentos de extrema dificuldade política, até porque ainda é uma incógnita o desfecho que o Supremo Tribunal Federal (STF) dará ao caso das medidas cautelares impostas a Aécio, o PSDB apela ao falso “bom-mocismo” para mais uma vez ludibriar a opinião pública. Isso porque o tucanato está em pé de guerra com o Palácio do Planalto por causa da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer.

De olho nas eleições de 2018, principalmente na corrida presidencial, o PSDB tenta se desvincular de qualquer escândalo de corrupção, apostando na memória curta do brasileiro. Por conta disso, os tucanos insistem na tese de que o deputado federal Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) precisa deixar a relatoria da denúncia contra Temer, agora acusado de obstrução à Justiça e organização criminosa.

Sem conseguir convencer Andrada a jogar a toalha, o PSDB aguardava até a noite de quarta-feira (4) um pedido de licença por parte do parlamentar mineiro, algo que não aconteceu. Bonifacio Andrada, que na primeira denúncia votou a favor do presidente da República, pode produzir relatório favorável a Temer. Há quem garanta que isso é como favas contadas.


Diante desse cenário de indefinição, o PSDB deve retirar Andrada da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. O que não impede que o parlamentar continue no colegiado e como relator, desde que a convite de outro partido.

A covardia e a arrogância que domina boa parte do PSDB são tão acintosas, que o partido não tem coragem de entregar os cargos que ocupa no governo federal, dando a entender que o poder embriaga e que vitrine política nunca é demais.

De igual modo, o PSDB se acovarda ao aceitar quase que passivamente a difícil e constrangedora situação de Aécio Neves, que mesmo após ser acusado de corrupção e obstrução à Justiça continua como presidente licenciado do partido. Um escárnio descomunal se considerado o fato de que a legenda tenta se desvencilhar dos escândalos que chacoalham o Palácio do Planalto.

Os tucanos falam em fazer um “mea culpa” e repensar o partido com vistas às eleições do próximo ano, mas que ninguém se deixe levar por esse discurso mentiroso e rasteiro. Afinal, quem mostra ser contra a corrupção não deveria preocupar-se com uma possível delação de Paulo Vieira de Souza, conhecido como “Paulo Preto”. Ex-diretor da Dersa, Souza é acusado de ter recebido R$ 100 milhões em propinas, boa parte no âmbito de obras do Rodoanel.

Isso posto, não se pode fechar os olhos para uma situação que está por um fio: a insistência do PSDB em despejar Bonifácio de Andrada da relatoria da denúncia contra o presidente da República poderá custar o mandato de Aécio Neves. Afinal, o PMDB está disposto a dar o troco no Senado Federal, seja no plenário da Casa, seja no Conselho de Ética.

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