Espanha: primeiro-ministro endurece discurso e dá ultimato a separatistas catalães

(Divulgação)

O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, no âmbito a crise que surgiu a partir do movimento separatista catalão, deu um ultimato às autoridades da Catalunha. Nesta quarta-feira (12), Rajoy disse que o governo da região autônoma terá até a próxima segunda-feira para confirmar se realmente foi declarada a independência e até quinta (19) para voltar à legalidade.

O comparecimento de Mariano Rajoy ao Parlamento é uma resposta ao confuso discurso da véspera de Carles Puigdemont, o chefe do governo catalão, que declarou a independência da região para, segundos depois, suspender o efeito da própria declaração como forma de abrir caminho ao diálogo.

“Os governantes da Catalunha usaram sua posição institucional para perpetrar um ataque desleal e muito perigoso contra a nossa Constituição, a unidade da Espanha e, o que é pior, contra a convivência pacífica entre cidadãos”, afirmou o primeiro-ministro.

O ultimato dado por Rajoy é o primeiro passo do governo central para acionar o artigo 155 da Constituição espanhola, opção que levaria à aplicação de medidas extraordinárias para suspender a autonomia política da Catalunha e assumir o controle da região.

Jamais usado na história da democracia espanhola, o artigo 155 estabelece que, se uma região espanhola não cumprir suas obrigações ou atuar contra o interesse geral da Espanha, o governo central poderá adotar medidas para proteger o interesse geral do país.


“Está em sua mão [Puigdemont] voltar à legalidade e restabelecer a normalidade institucional, como todo mundo está pedindo, ou prolongar um período de instabilidade, tensões e quebra de convivência na Catalunha”, discursou Rajoy.

Com seu discurso, Puigdemont conseguiu desagradar a muitos na Catalunha: os separatistas consideraram sua fala imprecisa e branda demais, e os opositores o criticaram por seguir adiante com um processo que pode pôr a democracia espanhola em xeque.

Já Rajoy, que desde 2016 chefia um governo de minoria no Parlamento, parece estar consolidando sua base de poder em Madri, com o apoio inclusive da maior força de oposição, o Partido Socialista, que é contra a separação catalã e apoia o uso do artigo 155 da Constituição.

No firme e contundente discurso proferido no Parlamento, Mariano Rajoy afirmou que o direito de decidir, invocado pelos separatistas, “não existe em um país democrático” e “nenhum país do mundo” leva “minimamente a sério” a consulta de 1º de outubro feita pelos catalães, “que não resiste à prova mais elementar” de transparência e neutralidade.

O governante agradeceu pelas várias ofertas de mediação que recebeu, mas lembrou que não existe discussão sobre o que já está estabelecido na Constituição: a indivisibilidade da Espanha e que a soberania reside no conjunto dos espanhóis.

O impasse na Catalunha está sendo considerado como a pior crise política da Espanha desde a tentativa frustrada de golpe militar de 1981. (Com agências internacionais)

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