“Romper com Irã pode empurrar UE para o lado da Rússia e da China”, afirma ministro alemão

(Divulgação)

Temendo um agravamento das condições de segurança no âmbito internacional e um distanciamento entre a Europa e os Estados Unidos, o governo alemão expressou preocupação com o possível anúncio por parte do presidente americano Donald Trump, nesta sexta-feira (13), de que o Irã não está cumprindo o acordo nuclear multilateral assinado em 2015.

O ministro alemão do Exterior, Sigmar Gabriel, disse que seu país está preparado para trabalhar em conjunto com os EUA para modificar o comportamento do Irã na região, “mas não pelo preço de sacrificar o acordo nuclear”.

Gabriel afirmou que o acordo foi um “grande êxito diplomático”, que evitou que o Irã desenvolvesse armas nucleares e entrasse em conflito direto com Israel. “Nos preocupamos com base nos sinais que vêm dos EUA de que o presidente dirá aos parlamentares que o acordo nuclear não está sendo cumprido”, disse o ministro. “Isso vai contra a perspectiva de todas as nações europeias que participaram do acordo, assim como a da UE.”

“É indispensável que a Europa se mantenha unida nesta questão”, afirmou Gabriel ao grupo midiático alemão RND. “Também temos que dizer aos americanos que seu comportamento na questão iraniana conduzirá os europeus a uma posição comum com a Rússia e a China contra os EUA.”

O ministro disse ter deixado claro ao secretário de Estado americano, Rex Tillerson, que a Europa, em razão de sua relativa proximidade geográfica com o Irã, terá seus interesses na área de segurança prejudicados caso o acordo entre em colapso.

Outra questão que deve ser levada em conta, segundo Gabriel, é a influência que tal decisão poderá ter sobre futuras negociações sobre o programa nuclear da Coreia do Norte.

“É improvável que o regime norte-coreano assine um acordo internacional renunciando às armas nucleares se um acordo como este [com o Irã] for colocado em questão”, declarou o ministro.


“Pior acordo” da história

O pronunciamento que Trump resulta de semanas de discussões entre ele e sua equipe de segurança nacional. E serve apenas para fazer a alegria do seu eleitorado, cada vez mais radical e obtuso.

Donald Trump defende postura mais agressiva em relação às atividades iranianas no Oriente Médio, o que pode complicar as relações dos EUA com seus aliados europeus. Essa guinada do magnata republicano serve para contemplar os interesses de Israel e da Arábia Saudita, sempre em atrito com o governo de Teerã.

O presidente estadunidense criticou repetidamente o pacto assinado em 2015 durante o governo de Barack Obama, afirmando ser este o “pior acordo” já feito pelo país. Além dos EUA e Irã, Alemanha, Reino Unido, França, Rússia, China e União Europeia (UE) também participaram das negociações.

Se Trump de fato descreditar o acordo, estará ignorando alertas de dentro e fora de seu governo – além dos clamores dos parceiros internacionais – de que tal atitude deverá minar a credibilidade dos EUA no exterior.

A nova estratégia do presidente foi antecipada por vários veículos da imprensa americana. Segundo os principais jornais do país, Trump planeja eliminar a “certidão governamenta” que diz que o pacto atende aos interesses nacionais dos Estados Unidos. (Com agências internacionais)

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