Milhares vão às ruas de Barcelona pedir união na Espanha e a prisão de Carles Puigdemont

Centenas de milhares de pessoas concentraram-se, no domingo (29). no centro de Barcelona para pedir a unidade da Espanha e a prisão dos dirigentes separatistas destituídos por Madrid, acusando-os de terem enganado os catalães.

A manifestação foi convocada pelo movimento cívico Sociedade Civil Catalã (SCC), sob o lema “Todos somos Catalunha!” e reuniu cerca de 300 mil pessoas, segundo estimativa da polícia. Entre os participantes do ato, estiveram os líderes regionais dos principais partidos que lutam contra a divisão da Espanha, incluindo ministros e líderes de forças políticas como do Partido Popular (PP), de Mariano Rajoy, na Catalunha, Xavier García Albiol, e o dos socialistas catalães do PSC, Miquel Iceta.

“Organizamos-nos tarde, mas estamos aqui para mostrar que há uma maioria de catalães que já não fica em silêncio e já não quer ser silenciada”, disse aos jornalistas Alexandre Ramos, um dos organizadores da concentração.

A passeata encheu de bandeiras da Catalunha, Espanha e da União Europeia o Paseo de Gracia, uma das vias mais emblemáticas da cidade. “Vamos a recuperar a Catalunha de todos, a plural, a que construímos entre todos”, afirmou a vice-presidente da SCC, Miriam Tey.

Inés Arrimadas, chefe da oposição na Catalunha como líder do partido liberal Ciudadanos, disse ser necessário “recuperar o sentido comum e a democracia” nas instituições da região. “Necessitamos de uma nova etapa na Catalunha.”

Desde o início da manhã, vários grupos com bandeiras espanholas e da comunidade autônoma da Catalunha passearam pelo centro de Barcelona à espera do início da manifestação. “Este momento não é para viver numa realidade paralela. É tempo de ir para a rua e organizar eleições”, disse o líder do partido Cidadãos, Albert Rivera.

Os organizadores disseram que querem defender a democracia, a convivência e o diálogo dentro da lei.

O Parlamento regional da Catalunha aprovou, na sexta-feira, a independência da região, numa votação sem a presença da oposição, que abandonou a assembleia regional. Ao mesmo tempo, em Madrid, o Senado espanhol deu autorização ao governo para aplicar o artigo 155º da Constituição, para restituir a legalidade na região autônoma.


Puigdemont não aceita destituição

O executivo de Mariano Rajoy, do conservador Partido Popular (PP), apoiado pelo maior partido da oposição, os socialistas do PSOE, anunciou ao fim do dia a dissolução do parlamento regional, a realização de eleições em 21 de dezembro próximo e a destituição de todo o governo catalão, entre outras medidas.

Em resposta, no último sábado (28), o presidente do governo regional destituído, Carles Puigdemont, disse não aceitar o seu afastamento e pediu aos catalães para fazerem uma “oposição democrática”, em declaração oficial gravada previamente e transmitida pela televisão.

Puigdemont ressaltou que não acata a aplicação do parágrafo 155 da Constituição espanhola – dispositivo que permite a intervenção do governo central de Madrid na gerência de regiões autônomas. “Nossa vontade é continuar trabalhando para cumprir os mandatos democráticos e, ao mesmo tempo, buscar a máxima estabilidade e tranquilidade, entendendo as dificuldades lógicas que comporta uma etapa desta natureza, pela qual nosso país nunca passou”, afirmou.

Na sua declaração, Puigdemont encorajou seus seguidores a “perseverar” e “continuar defendendo as conquistas alcançadas até hoje”. (Com agências internacionais)

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