FHC delira e quer marcar data para o fim do “casamento” do PSDB com o governo de Michel Temer

Conhecido por estar sempre “em cima do muro”, o PSDB vive momento de indefinição em relação às eleições de 2018. Sem saber que rumo seguir, os tucanos foram surpreendidos no final de semana com artigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, agora defensor do desembarque do partido do governo de Michel Temer.

FHC, que perdeu a oportunidade de não interromper o merecido ócio político, ressaltou no texto que até a convenção nacional da legenda, em 9 de dezembro, o PSDB precisa deixar o governo Temer, sob pena de se inviabilizar para a corrida presidencial do próximo ano. Ora, se a solução é romper com o Palácio do Planalto, que isso ocorra imediatamente, não mais adiante.

O ex-presidente da República tem o direito constitucional à livre manifestação do pensamento, mas é preciso reconhecer que a inviabilidade do PSDB, como um todo, independe do partido sair do governo Temer, Na verdade, a essa altura dos acontecimentos, permanecer no governo pode ser a única solução para os tucanos.

Como já afirmou o UCHO.INFO em matérias anteriores, o PSDB perdeu-se na linha do tempo em relação ao governo, ao qual jamais deveria ter se juntado. Com saudades dos tempos em que estava no poder, o que só foi possível com FHC, o partido embarcou no governo do PMDB, sem pensar nas consequências.


No momento em que o necessário e tão esperado projeto de reforma tributária, de autoria do deputado federal Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR), avança no Congresso, romper com o governo significa colocar em risco a aprovação da matéria. Sem contar as outras medidas de estímulo à economia que aguardam a boa vontade da classe política.

De chofre, Fernando Henrique quer “vender” à opinião pública a ideia de que o tucanato não compactua com escândalos de corrupção, mas é tarde demais. FHC alega que se o desembarque não ocorrer como previsto, o melhor é o partido se juntar ao PMDB com vistas à eleição presidencial do próximo ano.

Deixar o governo neste momento pouco melhora a situação do PSDB, que ainda não apresentou um programa para tirar o país da grave e múltipla crise em que se encontra. Ademais, querer passar ao largo da corrupção sistêmica que assola o Brasil é um ato de bizarrice explícita, pois o partido continua sem saber o que fazer com o enrolado senador Aécio Neves (PSDB-MG), que continua como presidente afastado da legenda.

Fora isso, o PSDB, que jamais soube fazer oposição, prova que é pífio quando o assunto é situação. Ocupando quatro ministérios (Secretaria de Governo, Relações Exteriores, Cidades e Direitos Humanos), o PSDB pode ser despejado do governo Temer muito antes do que imaginam os tucanos de fina plumagem. Afinal, o artigo de FHC causou frisson no Palácio do Planalto, onde assessores da Presidência estão sendo pressionados para que o rompimento seja imediato.

Aliados do governo, que votaram pelo arquivamento da segunda denúncia contra Michel Temer, cobram a contrapartida prometida pelo presidente da República no período de negociações. E essa cobrança passa obrigatoriamente pelo despejo do PSDB.

apoio_04