Quadro de Leonardo da Vinci é vendido em leilão por quase R$ 1,5 bilhão e bate recorde de preço

Um quadro de Leonardo da Vinci que mostra Cristo segurando um globo de cristal foi vendido em leilão, na quarta-feira (15), pelo valor de US$ 450,3 milhões, superando o recorde anterior.

“Salvator Mundi” (“Salvador do Mundo”) é um dos menos de 20 quadros de Leonardo da Vinci existentes e o único em mãos privadas. A obra foi vendida pela renomada casa de leilões Christie’s em nome do bilionário russo Dmitry Rybolovlev, dono do clube de futebol Mônaco. A identidade do comprador, que adquiriu a pintura em lance por telefone, não foi divulgada.

Aproximadamente 45 clientes – por telefone e na sala de leilões de Nova York – enfrentaram-se durante 19 minutos para saber quem levaria a obra. A disputa acabou sendo reduzida a apenas dois licitantes, que viram o preço da obra atingir mais do que o dobro do recorde anterior pago por uma pintura em leilão – o quadro “Les Femmes D’Alger” (“As mulheres de Argel”), de Pablo Picasso, vendido em maio de 2015 por US$ 179,4 milhões.

O preço mais alto pago por qualquer peça de arte era US$ 300 milhões pelo quadro Interchange, do artista holandês Willem de Kooning, vendido diretamente em setembro de 2015 pela Fundação David Geffen ao gestor de um fundo Kenneth C. Griffin.

A pintura Salvator Mundi, de 66 centímetros, data de cerca de 1500 e mostra Cristo envergando vestuário de estilo renascentista, com a mão direita levantada em bênção e a mão esquerda abaixada segurando uma esfera de cristal.


De posse real à venda por 60 dólares

A obra pertencia ao rei Carlos I da Inglaterra em meados de 1600. Há rumores de que Da Vinci pintou Salvator Mundi para a família real francesa e que o quadro foi levado à Inglaterra pela rainha Henrietta Maria, quando ela se casou com o Carlos I em 1625.

A obra foi leiloada pelo filho do duque de Buckingham em 1763. Depois disso, desapareceu completamente até 1900, quando ressurgiu e foi adquirida por um colecionador britânico. À época, estimava-se que a obra tinha sido executada por um discípulo de Da Vinci, e não pelo próprio mestre. Consequentemente, a pintura foi vendida novamente em 1958 por apenas US$ 60.

Desde que ressurgiu, Salvator Mundi foi exposto na Galeria Nacional em Londres e nos salões de exposições da casa de leilão Christie’s em todo o planet. Em 2005, a obra foi adquirida, seriamente danificada e parcialmente pintada, por um consórcio de comerciantes de arte que pagou menos de 10 mil dólares. Estes comerciantes restauraram amplamente a pintura e documentaram a sua autenticidade como sendo uma obra de Da Vinci. Salvator Mundi é considerada a mais importante redescoberta artística deste século.

Recentemente, o quadro esteve no centro de um processo judicial lançado por Rybolovlev, que acusou o vendedor de arte suíço Yves Bouvier de superfaturar uma série de negociações de obras de arte. Bouvier comprou Salvator Mundi na casa de leilão Sotheby’s por US$ 80 milhões em 2013. Poucos dias, revendeu-a para o magnata russo por US$ 127,5 milhões, auferindo lucro de US$ 47,5 milhões. Bouvier negou qualquer irregularidade. (Com agências internacionais)

apoio_04