Negros e pardos são maioria dos desempregados no Brasil

Dos 13 milhões de brasileiros desempregados no terceiro tremeste deste ano, 63,7% eram negros ou pardos, o que equivale a 8,3 milhões de pessoas, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgada nesta sexta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Segundo o levantamento do IBGE, a taxa de desocupação de negros e partos ficou em 14,6%, enquanto a da população branca totalizou 9,9%. A média nacional de desemprego é de 12,4%.

A diferença também se manifesta nos salários. Enquanto os trabalhadores brancos tiveram rendimento médio de R$ 2.757, o de trabalhadores negros e pardos ficou em R$ 1.531, ou seja, o equivalente a 55,5% do rendimento dos brancos.

“Os brasileiros pretos e pardos estão sempre em desvantagem no mercado de trabalho, desde a inserção a depois de se inserir. São desigualdades que a gente já conhece, mas é sempre bom lembrar”, afirmou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.


Entre os grupos de atividades, a participação dos negros e pardos era superior à dos brancos na agropecuária, na construção, em alojamento e alimentação e, principalmente, nos serviços domésticos, categoria em que negros ou pardos representam 66% do contingente total.

Azeredo acrescentou que há diversos fatores para essas desigualdades no mercado de trabalho, como falta de experiência, de escolarização e de formação, mas destacou que isso é também um resquício da escravidão. “Isso é um processo histórico, que vem desde a época da colonização”, ressaltou.

Já entre os empregadores, somente 33% são negros ou pardos. A pesquisa revelou ainda que essa parcela da população representa 55,1% dos trabalhadores autônomos. Os negros e pardos são também maioria, 65,8%, entre os trabalhadores subutilizados, ou seja, aqueles que possuem jornadas de trabalho inferiores a 40 horas semanais, mas gostariam de trabalhar mais.

Segundo a Pnad Contínua, no terceiro trimestre de 2017, negros e pardos representam 54,9% da população brasileira. Isso mostra que no Brasil a discriminação vai do cidadão ao Estado, sem qualquer cerimônia. (Com agências de notícias)

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