Prisão de Rosinha e Anthony Garotinho mostra que o Brasil precisa se reinventar em termos políticos

Se o caos político que afeta o Brasil pudesse ser “fulanizado”, certamente o Rio de Janeiro teria personagens de sobra para essa inglória missão. Não bastasse a crise financeira que assola um dos mais importantes estados da federação, a corrupção sistêmica que tomou conta do território fluminense é impressionante e causa inveja aos mais experimentados roteiristas de filmes de ação e ladroagem explícita.

Muito além da prisão do ex-governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) e seu bando, a corrupção sistêmica arrastou para o olho do furacão um sem fim de políticos conhecidos, como Eduardo Cunha e Jorge Picciani, dando mostras inequívocas de que o Rio esteve nas mãos de bandidos durante anos a fio. Tudo com a complacência e o apoio de outros políticos, como Lula, Dilma Rousseff, Lindbergh Farias e seus sequazes.

Seguindo o padrão “prende e solta”, o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2) decidiu por unanimidade, na terça-feira (21), que os deputados estaduais fluminenses Jorge Picciani, Paulo Mello e Edson Albertassi, todos do PMDB, deveriam retornar à prisão, pois à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro não tem competência para emitir alvará de soltura, papel exclusivo do Judiciário. Investigados na Operação Cadeia Velha, Picciani, Mello e Abertassi foram presos sob a acusação de recebimento de propina para favorecer empresas de transporte público.

Como se não bastasse o cenário de terra arrasada que domina o Rio de Janeiro, a Polícia Federal prendeu na manhã desta quarta-feira (22) os ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha Matheus, além de outros sete investigados. De acordo com o Ministério Público Eleitoral, o bando, alvo da Operação Chequinho, é acusado de crimes de corrupção, concussão, participação em organização criminosa e falsidade na prestação de contas eleitorais.


Durante as investigações, a PF identificou indícios que apontam “que uma grande empresa do ramo de processamento de carnes teria firmado um contrato fraudulento com uma empresa sediada no município de Macaé para prestação de serviços na área de informática”. “Suspeita-se que os serviços não eram efetivamente prestados e que o contrato, de aproximadamente R$ 3 milhões, serviria apenas para o repasse irregular de valores para utilização nas campanhas eleitorais”, informou a corporação policial.

Para bom entendedor, “uma grande empresa do ramo de processamento de carnes” é o frigorífico JBS, cujos donos, Joesley e Wesley Batista estão presos na esteira de um estranho e mal explicado acordo de colaboração premiada firmado às pressas com a Procuradoria-Geral da República, no apagar das luzes da gestão do procurador Rodrigo Janot.

A farra no Rio de janeiro foi tamanha, que outros empresários também informaram à PF que Garotinho cobrava propina nas licitações da prefeitura de Campos dos Goytacazes para que contratos fossem honrados pela administração do município. “Após os procedimentos de praxe, os presos serão encaminhados ao sistema prisional do Estado, onde permanecerão à disposição da Justiça”.

O País passa por momento de extrema dificuldade, não há como negar, mas é preciso reconhecer a importância de um processo de depuração política que proporcionará no futuro uma sensível melhora no cotidiano nacional. Até lá, os brasileiros precisarão de doses extras de paciência e determinação para vencer a chaga que vem devastando a nação.

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