Ex-presidente da República e responsável pelo maior e mais ousado esquema de corrupção da história da Humanidade, o Petrolão, Lula precisa modular a própria fala caso não queira cair em contradições. Sempre alegando inocência no escopo das pesadas acusações feitas por investigadores e promotores, em especial na seara da Operação Lava-Jato, Lula não pensou duas vezes para, diante do juiz Sérgio Moro, ter transferido à ex-primeira-dama Marisa Letícia a responsabilidade por alguns casos polêmicos.
O ex-metalúrgico disse ao juiz da Lava-Jato, por exemplo, que o interesse pelo polêmico apartamento triplex no Guarujá, no litoral paulista, foi de Dona Marisa. Sem qualquer dose de arrependimento, Lula afirmou que desconhecia o fato de que a ex-primeira-dama visitou o apartamento praiano uma segunda vez.
“Eu nem sabia que teve essa visita, doutor. Eu não sei se o senhor tem mulher, mas nem sempre elas perguntam pra gente o que vão fazer. Dez ou quinze dias depois ela me relatou e disse que não tinha gostado. Ela já sabia que eu não queria o apartamento”, declarou o petista-mor.
Em outro depoimento, também ao juiz Sérgio Moro, o ex-presidente disse que a responsabilidade pelo contrato de locação do apartamento contíguo ao do casal, em São Bernardo do Campo, também era de Marisa Letícia, que morreu em fevereiro passado devido a complicações de um acidente vascular cerebral.
Para tentar escapar de novas condenações, Lula abusou da desfaçatez e do oportunismo ao colocar a ex-primeira-dama no olho do furacão, mesmo que de maneira póstuma. Atitude típica de quem se acostumou ao desmando e continua apostando na impunidade.
Pois bem, se Marisa Letícia foi lançada aos leões da Lava-Jato apenas para que Lula se esquivasse de novos problemas, não havia razão para o petista solicitar aos seus caros e badalados advogados para que seguissem com a estratégia de conseguir na Justiça a absolvição sumária da sua companheira. O juiz Sérgio Moro extinguiu a punibilidade de Marisa Letícia após a sua morte, mas o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) negou o pedido de absolvição sumária.
Os advogados de Lula, que sempre recorrem à pirotecnia tecnológica para explicar o inexplicável, podem ter confundido extinção de punibilidade com absolvição. O fato de o juiz Moro ter extinguido a punibilidade não significa que Marisa Letícia deve ser absolvida.
Por outro lado, Lula não se opôs ao projeto de vereadores petistas que propuseram à Câmara Municipal de São Paulo, projeto que dá o nome da ex-primeira-dama a uma rua da Zona Sul paulistana. Ora, se Dona Marisa foi responsável pelos fatos narrados por Lula, não há razão para homenageá-la dessa forma. Aliás, se a homenagem é realmente necessária, que seja feita em São Bernardo do Campo, não na capital paulista.
