Brexit: negociações com a União Europeia seguem travadas

Líderes do Reino Unido e da União Europeia (UE), reunidos em Bruxelas nesta segunda-feira (4), não conseguiram chegar a um acordo para fazer avançar as negociações sobre a saída do país do bloco econômico, alegando ainda haver divergências em algumas questões.

“Apesar de nossos esforços e do significativo progresso alcançado por nós e por nossas equipes nos últimos dias, não foi possível chegar a um acordo completo hoje”, afirmou o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, após reunião com a primeira-ministra britânica, Theresa May.

Juncker destacou, no entanto, que a ausência de um consenso nesta segunda-feira é normal para uma última rodada de negociações e ainda não significa um “fracasso”. “Estou muito confiante de que chegaremos a um acordo ao longo desta semana”, antecipou ele.

“Agora temos um entendimento comum na maioria dos assuntos, com apenas dois ou três temas abertos para discussão”, acrescentou o chefe do Executivo em Bruxelas, afirmando que essas questões requerem “mais consultas, mais negociação e mais debate”.

May, seguindo o mesmo tom de Juncker, definiu o encontro de mais de três horas como “construtivo” e assegurou que “muitos progressos” foram feitos nos últimos dias.

“Em algumas questões, permanecem algumas diferenças, que exigem mais negociação e consulta. Nós vamos nos reunir novamente antes do fim da semana e também estou confiante de que teremos uma conclusão positiva”, declarou a premiê do Reino Unido.


Questões pendentes

A União Europeia deu um ultimato para que o governo em Londres esclareça alguns pontos essenciais em relação à sua saída do bloco. Somente depois, afirmou Bruxelas, os países-membros darão o aval para a conclusão da primeira etapa das negociações do Brexit e o início da segunda, que abordará as relações comerciais e está prevista para começar na próxima semana.

São três os temas ainda pendentes: o futuro dos direitos dos cidadãos europeus, a fronteira com a Irlanda do Norte e o acerto financeiro do Brexit, a chamada “conta do divórcio”, que deverá ser paga à UE com a saída. Esses pontos são as principais demandas de Bruxelas no processo.

O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que também se reuniu com May nesta segunda-feira, alertou que o tempo para definir tais temas está ficando apertado, mas também disse ser possível um acordo antes da cúpula da UE em 14 e 15 de dezembro.

Fronteira entre Irlandas

Por sua vez, o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, se disse “surpreso e desapontado” com a falta de um consenso entre Bruxelas e Londres, mais especificamente sobre a questão da fronteira. “Tivemos um acordo nesta manhã”, alegou o líder.

Segundo Varadkar, autoridades da UE haviam confirmado a ele mais cedo que o Reino Unido concordou em assinar um acordo garantindo que não haveria fronteiras “duras” na ilha após o Brexit. “Concluímos que a primeira-ministra britânica agora precisa de mais tempo”, afirmou. “Atribuir culpa não ajuda ninguém, mas é evidente que as coisas falharam no encontro em Bruxelas.”

As conversações acontecem quase um ano e meio depois do referendo realizado no Reino Unido sobre a saída do país da UE. O divórcio deve ocorrer em 29 de março de 2019, dois anos após o início do processo de saída, realizado com a ativação do Artigo 50 do Tratado de Lisboa. (Com agências internacionais)

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