Catalunha: separatistas conquistam maioria no Parlamento; Puigdemont a um passo de voltar ao poder

Com 87% das urnas apuradas, o bloco separatista catalão liderado por Carles Puigdemont conquistou a maioria absoluta no Parlamento na eleição desta quinta-feira (21). O partido “Juntos pela Catalunha”, de Puigdemont, terá 34 deputados. A legenda aliada “Esquerda Republicana” terá 32, enquanto a extrema esquerda da CUP (Candidatura de Unidade Popular) terá 4. Com isso, os separatistas somarão 70 cadeiras, em um Parlamento com um total de 135.

Os catalães voltaram às urnas para eleger um novo parlamento regional depois que Madrid assumiu o governo da Catalunha em 21 de outubro, em meio à crise causada pela declaração unilateral de independência da região.

Duas horas antes do fechamento das urnas, autoridades catalãs divulgaram que a participação eleitoral já era mais de cinco pontos percentuais maior do que na eleição anterior, em 2015. Mais de 5,5 milhões de pessoas foram convocados para escolher os 135 deputados regionais e 68,3% deram o seu voto. Esse comparecimento mais elevado era mais elevado por conta do acirramento das tensões entre Madrid e Barcelona.

A votação ocorreu sem incidentes, de acordo com Ministério do Interior espanhol. Mais de 17 mil policiais foram destacados para garantir a segurança durante as eleições. Esta eleição tem caráter excepcional, já que foram convocadas depois da suspensão do governo da Catalunha. A decisão foi tomada em seguida à declaração de independência da região.


Crise catalã

O impasse na Catalunha foi considerado a pior crise política na Espanha desde a tentativa frustrada de golpe militar de 1981. Em 1º de outubro, os catalães foram às urnas, num referendo considerado ilegal por Madri, para votar sobre a independência. O “sim” à separação recebeu mais de 90% de apoio. Mas o comparecimento foi de apenas 43%.

Dizendo ter o “mandato do povo”, o então chefe do governo catalão e líder do movimento independentista, Carles Puigdemont, compareceu em 10 de outubro ao Parlamento regional e declarou independência, num discurso confuso que terminou com ele mesmo suspendendo o processo separatista à espera de diálogo.

Madrid deu um ultimato a Puigdemont e recusou-se a dialogar. Abriu-se então uma queda de braço com Barcelona, que culminou com a suspensão temporária da autonomia catalã, a suspensão do governo e o anúncio de novas eleições.

Esta é a quarta vez em sete anos que os catalães realizam eleições regionais, após as de 2010, 2012 e 2015, um exemplo da instabilidade política que vive a região, marcada pelo debate independentista dos últimos tempos. (Com agências internacionais)

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