Ao afirmar que segurança púbica está falida, ministro da Defesa reconhece que o Estado brasileiro ruiu

Em meados de 2007, faltando poucas semanas para a abertura dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, o então presidente Lula – agora condenado à prisão por corrupção e lavagem de dinheiro – afirmou que encerrado o evento esportivo a capital fluminense teria à disposição o mais moderno e eficiente sistema de segurança pública.

Quase onze anos depois, vivendo diariamente na condição de refém do crime organizado e dos traficantes de drogas, o Rio de Janeiro continua aguardando a concretização da promessa do ex-metalúrgico. Com tiroteios diários entre policiais e criminosos, além dos enfrentamentos entre facções rivais, que obrigam o fechamento das principais vias de acesso à capital, os moradores do segundo mais importante estado da federação incorporaram a violência urbana à realidade do cotidiano. Um absurdo resultante da inoperância do Estado como um todo.

Ministro da Defesa, Raul Jungmann disse, na quarta-feira (31), que a segurança pública brasileira está falida. Uma afirmação impactante de quem não sabe como resolver o problema da violência. A situação é tão grave, que Jungmann, em entrevista à GloboNews, disse que a imprensa nacional abusa do masoquismo ao noticiar casos de violência.

O governo federal há muito enviou ao Rio de Janeiro tropas das Forças Armadas para reforçar o esquema da segurança pública, mas ao que parece esse reforço não tem surtido resultado. Aliás, o ministro da Defesa afirmou que os militares não podem estar na linha de frente da segurança pública porque foram treinados para destruir. Uma declaração sem nexo, pois no Haiti os militares brasileiros nada destruíram, pelo contrário, ajudaram a reconstruir da forma como foi possível.


Há mais de uma década o UCHO.INFO afirma que a violência nas cidades brasileiras só recuará a partir do momento em que o governo decidir combater o tráfico de drogas e o contrabando de armas nas fronteiras. Não custa lembrar que a Bolívia produz mais de 300 toneladas de pasta de cocaína, sendo que a maior parte da droga é consumida no Brasil, infelizmente. O excedente tem o território brasileiro como rota de passagem antes de chegar a destinos internacionais.

Tomando por base que o crime organizado tornou-se transnacional, o governo brasileiro precisa urgentemente organizar ações conjuntas com países vizinhos com o intuito de combater o tráfico de drogas e o contrabando de armas. Talvez seja preciso criar um serviço de inteligência multinacional, pois do contrário os criminosos continuaram dando as cartas.

Diante da falta de uma eventual solução para o problema, o governo vem analisando, não é de hoje, a possibilidade de criar o Ministério da Segurança Pública. Pois bem, não será mais um ministério que resolverá o problema da violência, até porque essa é uma ação que deve envolver diversas pastas.

O que ninguém tem coragem de admitir é que o Estado brasileiro não apenas fracassou, mas está obsolte e falido. Reduzir a criminalidade e a violência é algo que exige tempo, planejamento, dedicação e ação conjunta. Isso porque é preciso avançar com as políticas sociais para evitar que o cidadão seja abduzido pelo crime organizado ou dele torne-se refém. Esse é um projeto de longo prazo, portanto não se pode esperar resultados imediatos.

Por outro lado, sem complacência com o crime organizado enquanto uma solução não aparece, as autoridades precisam usar inteligência e força para enfrentar os criminosos. Não obstante, não se pode ignorar a necessidade de remunerar melhor os policiais e reforçar a estrutura dos órgãos de segurança. Se nada disso for feito, o melhor é aceitar que o Brasil caiu de vez nas mãos dos criminosos.

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