Responsável na primeira instância da Justiça Federal pelas ações penais decorrentes da Operação Lava-Jato, o juiz Sérgio Moro decidiu, nesta quarta-feira (7), que não são materialmente falsos os recibos de pagamento dos aluguéis do apartamento ao lado do ex-presidente Lula, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. O que não significa que são verdadeiros os tais recibos, que contêm erros grosseiros de data.
Registrado em nome de Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula e flagrado no Petrolão, o imóvel é alvo de investigação no âmbito da Lava-Jato, em ação que tem na proa o petista-mor na condição de réu. Na melhor das hipóteses, os mencionados recibos foram forjados horas depois da prisão de Bumlai. Ou seja, os recibos de aluguel não são materialmente falsos, mas é quase certo que são ideologicamente falsos.
A custosa e histriônica defesa de Lula insiste que os recibos são falsos, mas em manifestação apresentada ao juiz Sérgio Moro, no escopo da respectiva ação penal, Glaucos da Costamarques, por meio de seus advogados, alega que abusaram de sua “boa-fé”.
Na verdade, Costamarques afirmou na manifestação que foi vítima de um “plano arquitetado” por Bumlai e pelos advogado Roberto Teixeira, compadre de Lula e réu na mesma ação penal.
“Glaucos foi vítima circunstancial de um plano arquitetado por José Carlos Bumlai (que nem sequer figura como réu na ação penal) e Roberto Teixeira, aparentemente para alicerçar as sólidas amizades que mantinham com o ex-presidente Lula e sua família. Os artífices se utilizaram de sua boa-fé, da sua simplicidade, da confiança que nutria por José Carlos Bumlai e por ele estendida a Roberto Teixeira, e também do seu dinheiro, para promover a compra de um imóvel visando dar conforto ao ex-presidente Lula e sua família no imóvel”, afirma a defesa.
Esse enredo foi mal redigido e tem muitas idas e vindas, o que deve complicar a situação dos implicados no momento em que o cerco se fechar de forma definitiva. No momento em que o juiz Sérgio Moro sentenciar os réus, por certo a verdade virá à tona. Aliás, não custa lembrar que levantamentos feitos na contabilidade de propina da Odebrecht apontam para a destinação de dinheiro para a aquisição do mencionado apartamento.
Resumindo, quando o camburão da Polícia Federal estacionar na frente da casa de Glaucos da Costamarques, no vácuo dos primeiros raios de sol, a novela mudará de rumo. Costamarques não tem perfil de quem está disposto a passar uma temporada atrás das grades.
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