Um dia após a inevitável renúncia de Jacob Zuma, legisladores do partido governista Congresso Nacional Africano (CNA) elegeram Cyril Ramaphosa presidente da África do Sul.
Ramaphosa, que já havia assumido a presidência interinamente, era o único candidato nomeado para a votação no Parlamento, após dois partidos de oposição se recusarem a participar do pleito, exigindo – sem sucesso – a dissolução da Assembleia Nacional e eleições antecipadas.
Líder do CNA e vice-presidente da África do Sul até esta quarta-feira, Ramaphosa foi empossado pelo presidente do tribunal constitucional sul-africano, Mogoeng Mogoeng, numa sessão extraordinária do Parlamento.
Ramaphosa é o quinto presidente do país desde que o CNA chegou ao poder, em 1994, ano em que terminou o apartheid. Ele deve ficar no cargo até maio de 2019, quando terminaria o mandato do ex-presidente.
Zuma renunciou após pressão de seus correligionários e anos de escândalos de corrupção que abalaram a imagem do CNA. O partido, que foi o principal movimento contra o governo de minoria branca, antes contava com o status moral de ser o partido de Nelson Mandela.
No total, Zuma – que foi presidente durante nove anos – é alvo de quase 800 acusações por corrupção, entre elas as relativas a contratos de armas do final dos anos 1990 e a investigações por ter usado o Estado para favorecer empresários vinculados com concessões públicas milionárias. Ele nega as acusações.
Ao exigir a saída de Zuma, o CNA afirmou que a medida era necessária para que o país pudesse avançar rumo à estabilidade política e à recuperação econômica. Em reação à renúncia e à eleição de Ramaphosa, o principal índice da bolsa de valores sul-africana avançou quase 4%. O rand, a moeda do país, alcançou seu valor mais alto em quase três anos frente ao dólar.
A fundação Nelson Mandela saudou a renúncia de Zuma, mas afirmou que o Estado precisa agir contra “redes de criminalidade” que prejudicaram a democracia no país.
Ramaphosa, que se tornou líder do CNA em dezembro passado, convocou uma luta contra a corrupção no país. Nesta sexta-feira, ele deve fazer o tradicional discurso sobre o estado da nação, que foi postergado devido às negociações a portas fechadas do CNA nos últimos dias, com o objetivo de convencer Jacob Zuma a renunciar. (Com agências internacionais)