Condenado na Lava-Jato, Lula atropela discurso passado de José Dirceu para tentar escapar da prisão

É direito de qualquer cidadão tentar provar sua inocência, mas Lula, o alarife do Petrolão, não pode abusar da cantilena rasteira para pressionar o Judiciário nacional e convencer a opinião pública acerca do seu não suposto envolvimento em escândalos de corrupção, algo que faz sob o discurso da perseguição política e da caçada judicial.

É notório o movimento promovido pela esquerda verde-loura para eventualmente livrar o ex-presidente da prisão, porém é preciso respeito ás leis e acima de tudo ao bom senso. E o que tem sido feito ao longo dos últimos meses é uma ousada operação de convencimento, no estilo lavagem cerebral, para provar a inocência de alguém que é culpado.

Nesta terça-feira (6), em entrevista a uma emissora de rádio da Bahia, Lula disse que está se insurgindo contra a Justiça. “Estou me insurgindo e por isso estou candidato. Espero que haja Justiça de verdade. Acredito, e tanto, que estou recorrendo”, declarou o petista-mor.

A ousadia de Lula abre espaço ao desespero, pois o ex-presidente chegou a comparar o julgamento no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) – que confirmou a pena de prisão e aumentou o prazo de encarceramento para 12 anos e 1 mês – à inquisição ao afirmar que “não precisava de provas, só de convicção”.

Lula não pode confundir as questões que permeiam o seu envolvimento no Petrolão, o maior e mais ousado esquema de corrupção da história da Humanidade. Uma coisa é a sua condenação no âmbito do Direito Penal, outra é a inelegibilidade sob o manto da Lei da Ficha Limpa.


Em relação ao viés inquisitório do julgamento no TRF-4, Lula erra grosseiramente ao dizer que sua condenação foi fruto da convicção dos magistrados, não por causa das inúmeras provas carreadas aos autos. Nesse caso, Lula tenta desqualificar o TRF-4 na esperança de conseguir uma decisão favorável no Superior Tribunal de Justiça (STJ), que na tarde desta terça-feira julga pedido de habeas corpus formulado pela defesa.

Mesmo que a referida sentença condenatória tivesse calcado apenas na convicção dos desembargadores do TRF-4, o que não é verdade, Lula não teria razão para reclamar, pois um dos seus mais próximos e diletos “companheiros”, o também condenado José Dirceu de Oliveira e Silva, um dia defendeu a condenação com base em indícios.

Então deputado federal pelo PT de São Paulo, José Dirceu ocupou a tribuna do plenário da Câmara para afirmar que a cassação de um mandato parlamentar não precisa de provas, mas apenas de indícios. Essa fala ilógica surgiu na órbita do processo de cassação de Ricardo Fiuza, à época filiado ao PFL de Pernambuco. Ao final do processo que gravitou na órbita do escândalo como “Anões do Orçamento” – e contra a vontade de José Dirceu – o parlamentar pernambucano foi absolvido em plenário.

Ou seja, Lula não pode rasgar o discurso pretérito de um “companheiro” apenas porque, após comandar o Petrolão e se beneficiar do esquema criminoso, tenta escapar da prisão por acreditar que está acima da lei e de todos.

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