EUA impõem sanções à Rússia por ingerência nas eleições; medida tenta salvar Trump de escândalo

Os Estados Unidos anunciaram, nesta quinta-feira (15), novas sanções a instituições e a determinados cidadãos da Rússia, com a justificativa de que Moscou tentou interferir nas eleições presidenciais americanas de 2016, além de ter realizado ciberataques contra o país.

As medidas afetam, ao todo, cinco entidades e 19 indivíduos. Entre eles estão o Serviço Federal de Segurança (FSB), principal agência de espionagem da Rússia, e o Departamento Central de Inteligência (GRU), sob comando das Forças Armadas.

As outras três entidades são empresas russas, incluindo a Internet Research Agency, conhecida por utilizar perfis falsos para fazer postagens em redes sociais e comentários em sites de notícias, a maioria em apoio ao governo russo. Os EUA acusam a agência de orquestrar uma campanha de desinformação em massa a fim de afetar o resultado das eleições presidenciais.

Entre as pessoas atingidas pelas sanções estão 13 russos recentemente indiciados pelo procurador especial Robert Mueller, que investiga a suposta ingerência russa nas eleições e possíveis vínculos entre a campanha do Partido Republicano, do presidente Donald Trump, e Moscou. Com as medidas anunciadas nesta quinta-feira, já são mais de 100 as entidades e indivíduos russos afetados por sanções dos EUA.

Em comunicado, o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin, afirmou que o governo “enfrenta e resiste à atividade cibernética maligna da Rússia”, incluindo a “tentativa de interferência nas eleições americanas” e “ataques virtuais destrutivos”.

Segundo a nota, “atores cibernéticos” do governo russo atingiram entidades governamentais dos EUA e vários setores importantes de infraestrutura do país, incluindo instalações energéticas, nucleares e comerciais, bem como de distribuição de água, aviação e manufatura.


O governo americano também acusou Moscou de responsabilidade pelo ciberataque que afetou várias partes do mundo em junho de 2017, com um malware conhecido como “NotPetya”. O programa paralisou computadores, exigindo um pagamento em moeda digital para remover a obstrução.

Segundo o Departamento de Tesouro, o ataque hacker foi o mais destrutivo e custoso da história, resultando em bilhões de dólares em danos para a Europa, Ásia e EUA, além de ter interrompido o funcionamento de vários setores, do transporte marítimo global à produção de medicamentos.

Donald Trump sempre soube da interferência russa na corrida presidencial à Casa Branca, mas fingiu ignorar o fato para não comprometer a própria campanha. Eleito debaixo de muitas suspeitas e especulações, Trump agora abusa do cargo para impor sanções, saída encontrada para não piorar a própria situação. O envolvimento de pessoas próximas a Donald Trump com interlocutores do Kremlin não deixa dúvidas a respeito do assunto.

Rússia promete reação

Em reação às sanções, o vice-ministro do Exterior russo, Sergei Ryabkov, afirmou que o governo russo já “começou a preparar medidas de retaliação”. Segundo o vice-ministro, Washington orquestrou tais medidas para afetar o curso das eleições presidenciais na Rússia, que ocorrem no próximo final de semana.

A decisão americana está relacionada “à desordem interna nos EUA e, é claro, ao nosso calendário eleitoral”, afirmou Ryabkov, citado pela agência de notícias estatal russa Tass.

Esta é a primeira rodada de sanções anunciadas pelos Estados Unidos desde que o Congresso aprovou, no ano passado, um projeto de lei que autoriza esse tipo de medida contra a Rússia – ele chegou a ser assinado por Trump, mas ainda não tinha sido implementado.

As sanções ocorrem apesar de o presidente negar repetidamente que Moscou tenha tentado favorecer sua vitória nas eleições de 2016. A demora no anúncio de tais medidas, porém, vinha sendo criticada pela oposição. “Levou 14 meses. Finalmente saiu. Agora devemos proteger nossas eleições no futuro”, afirmou a senadora democrata Amy Klobuchar. (Com agências internacionais)

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