Morte da vereadora Marielle Franco não pode ser capitalizada partidária e politicamente por oportunistas

O assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) já está rendendo dividendos às mais diversas correntes ideológicas do País, revelando o oportunismo chicaneira que domina a política nacional. Pegar carona em tragédias pontuais não é novidade para os brasileiros, que já se acostumaram com a atitude covarde de políticos que transformam em bandeira o motivo de um fato ou acontecimento.

O presidente da República, Michel Temer declarou nesta quinta-feira (15) que o assassinato da vereadora carioca e do motorista Anderson Gomes é “inaceitável” e “inadmissível”. O presidente tem o direito de dizer o que quiser, assim como qualquer cidadão, mas é no mínimo proselitismo barato afirmar que a morte de Marielle franco é inaceitável. Na verdade, inaceitável é qualquer assassinato de um cidadão de bem, cada vez mais desprotegido em decorrência da incompetência do Estado.

Em vídeo divulgado nas redes sociais, Temer classificou o crime como um “atentado ao Estado de Direito e à democracia”, repetindo o que disse também nesta quinta-feira o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), com quem Marielle trabalhava antes de chegar à vereança.

Só mesmo um político irresponsável e oportunista ousa falar em atentado ao Estado Democrático de Direito, sem levar em conta que uma das mais importantes cidades do País, o Rio de Janeiro, é palco de dezenas de tiroteios diários. Não importa a notoriedade de quem é vítima do crime organizado e suas balas perdidas, pois qualquer cidadão que enfrenta esse fogo cruzado tem a mesma importância que vem sendo destinada a Marielle Franco.


Uma morte trágica sem dúvida alguma é motivo de revolta e indignação, mas a sociedade brasileira não pode aceitar a politização do fato, apenas porque nos bastidores da tristeza está um dos partidos esquerdistas mais radicais. O PSOL continua na posição de crítico da intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro, sendo esse episódio um combustível extra para radicalizar ainda mais o discurso.

A cantilena do PSOL é de tal forma visguenta e trapaceira, que em entrevista à rádio Jovem Pan, na manhã desta quinta-feira, o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) falou em “governador militar do Rio de Janeiro”. Ora, se essa declaração não traduz o radicalismo peçonhento da esquerda verde-loura, que alguém explique o que é.

Dezenas de brasileiros morrem na esteira da insegurança, mas o Estado, como um todo, não se reúne para discutir os fatos e demonstrar indignação, assim como políticos não se manifestam contra a falência das instituições. Só reagiram de forma estridente diante do assassinato da vereadora porque o assunto rende dividendos políticos.

É importante lembrar que por ocasião do assassinato do cinegrafista Santiago Andrade, da Band, durante protesto no centro do Rio de Janeiro, em fevereiro de 2014, nenhum político da esquerda radical reagiu com a mesma indignação que ora dedicam à morte de Marielle Franco. Afinal, os responsáveis pela morte do cinegrafista foram financiados por grupos ligados a partidos de esquerda.

A questão não é creditar a responsabilidade por tantos assassinatos à essa ou aquela corrente ideológica, mas mostrar de maneira inequívoca que o Estado brasileiro faliu sem que a sociedade percebesse. E que ninguém pense que a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro produzirá efeitos imediatos. É preciso tempo, paciência, dedicação e muito recurso para enfrentar o crime organizado.

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