Número de inadimplentes cresce pelo 6º mês seguido; primeiro trimestre registrou 62,1 milhões de negativados

O número de consumidores com contas em atraso e registrados em cadastros de inadimplência cresceu 3,13% em março, ante o mesmo mês de 2017. Esta foi a sexta alta seguida no número de inadimplentes, que vem crescendo mês a mês, desde a alta de 0,2% em outubro. Os dados são do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Ao todo, 62,1 milhões de brasileiros encerraram o primeiro trimestre de 2018 com alguma restrição no CPF.

Mesmo com o aumento do número de consumidores inadimplentes, o volume de dívidas registrou leve queda de -0,38%. Setor de telecomunicações e bancos lideram a alta, mas dívidas retraem no comércio e com contas básicas

Na avaliação do presidente da CNDL, José Cesar da Costa, o crescimento da inadimplência reflete o quadro de dificuldades econômicas que as famílias ainda enfrentam, apesar do fim da recessão, como aumento do desemprego e queda da renda.

“Embora o número de inadimplentes tenha crescido neste primeiro trimestre, o ritmo de alta é menor do que o verificado em momentos mais agudo da crise financeira. Mesmo com a lenta recuperação econômica em curso, as famílias seguem enfrentando dificuldades para honrar seus compromissos em dia. A reversão desse quadro passa pela continuidade da melhora econômica e, em especial, daquilo que diz respeito ao bolso do consumidor, como emprego e renda, que são variáveis que têm apresentado uma tímida melhora”, explica o presidente.

Outro fator que precisa ser considerado para explicar esses números é que no final de 2017 foi revogada no Estado de São Paulo a legislação que exigia por parte dos empresários o envio de carta com Aviso de Recebimento (AR) antes de efetivar o registro de atraso.

“Com a reversão da lei, muitas das negativações que estavam represadas entraram na base de dados de forma mais abrupta, contribuindo para um aumento na totalização de negativados”, explica Costa.


Brasileiro na faixa dos 30 anos tem mais contas atrasadas

O indicador também revela que é na faixa etária entre 30 e 39 anos que se observa a maior incidência de brasileiros negativados: mais da metade da população compreendida nesta faixa etária (51%) possui contas em atraso, totalizando aproximadamente 17,6 milhões de inadimplentes em número absoluto.

Para a economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, a liderança da faixa etária dos 30 anos se explica pelo fato de que “geralmente, nessa idade as pessoas já são chefes de família e têm um número maior de compromissos a pagar, como aluguel, água, luz, entre outras despesas domésticas”, explica.

Também merece destaque o fato de que quase metade da população com idade entre 40 e 49 anos (49%) está negativada, totalizando 13,8 milhões de consumidores com contas em atraso. Entre os mais jovens, com idade entre 25 e 29 anos, o percentual também é elevado: 46% deste grupo está inadimplente, somando mais de 7,9 milhões de devedores.

Entre os consumidores que possuem de 50 a 64 anos, a proporção de inadimplentes é de 40%, o que totaliza 12,7 milhões de devedores. Na população idosa, considerando-se a faixa etária entre 65 a 84 anos, a proporção é de 31%, o que representa, em termos absolutos, 5,2 milhões de pessoas que não conseguem honrar seus compromissos. Na faixa da população mais jovem – de 18 a 24 anos -, os inadimplentes representam 20% e formam um contingente de 4,8 milhões de devedores.

Telecomunicações e bancos lideram alta; dívidas retraem no comércio e nas contas básicas

Os dados por setor credor mostram que as dívidas que mais cresceram em março são as contas de telefone, TV por assinatura e internet, cuja alta observada foi de 7,76% na comparação anual. Em segundo lugar, estão as dívidas bancárias, com crescimento de 4,83%, que englobam cartão de crédito, empréstimos, financiamentos e seguros. Os setores que mostraram queda em março são as contas de água e luz (-0,55%) e os crediários no comércio (-7,55%).

Em termos de participação, mais da metade (51%) das dívidas em atraso registradas no Brasil são com bancos ou demais instituições financeiras. Em seguida surgem o comércio (18%), contas com companhias de telefonia, TV por assinatura e internet (14%) e atrasos com as concessionárias de água e luz (8%).

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