Operação Rizoma mira ex-assessor de José Dirceu e confirma que PT agia como organização criminosa

O Brasil tem conserto, mas uma mudança na realidade ainda está longe de ser alcançada. Esse cenário é comprovado pela enxurrada de escândalos de corrupção que marcam o cotidiano nacional, como se o País fosse uma terra sem lei povoada por saltimbancos.

Para a infelicidade geral da nação, não há um dia sequer sem que um novo escândalo de corrupção ou o desdobramento de um antigo rasgue o cotidiano. Isso tira a esperança do brasileiro, que busca no radicalismo uma solução para os problemas. E não será dessa maneira que o verdadeiro espírito republicano voltará a florescer.

Nesta quinta-feira (12), a Polícia Federal saiu em campo para deflagrar a Operação Rizoma, que mira criminosos envolvidos em esquemas ilegais em fundos de pensão de estatais. Ex-assessor do condenado José Dirceu, que no passado usava o codinome de Pedro Caroço, o petista Marcelo Sereno foi um dos alvos de mandado de prisão preventiva expedidos a pedido da força-tarefa da Operação Lava-Jato, no Rio de Janeiro

Então assessor especial da Casa Civil durante o governo Lula, na época que José Dirceu comandava a pasta, Sereno foi secretário nacional de comunicação do Partido dos Trabalhadores. Nada que assuste a opinião pública, que já se acostumou com a ideia de que o PT é uma organização criminosa (a afirmação é dos procuradores da Lava-Jato).

Desdobramento das operações Eficiência e Unfair Play 1º Tempo, a Operação Rizoma ganhou as ruas por determinação do juiz federal Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. A Rizoma, que conta com a participação do Ministério Público Federal, investiga os crimes de lavagem de dinheiro, evasão de divisas e corrupção, por meio de investimentos malsucedidos que geraram prejuízos aos fundos de pensão Postalis, dos Correios, e Serpros, do Serpro.

Além de Marcelo Sereno, a PF alçou à mira Arthur Pinheiro Machado, em São Paulo, ao passo que na capital dos brasileiros saiu à caça de em Brasília do operador Milton Lyra, ligado ao MDB, em especial ao senador Renan Calheiros.

De acordo com os investigadores, vultosas quantias oriundas dos fundos de pensão eram enviadas ao exterior, mais precisamente para empresas controladas por um operador financeiro brasileiro.

Essas remessas, aparentemente legais, eram fruto de prestação de serviços e de transações comerciais fictícias. Na sequência, os recursos desviados eram distribuídos, também no exterior, em contas de doleiros, que por sua vez repassavam os valores em espécie no Brasil para o pagamento de propinas.

Além das ordens de prisão, a PF cumpre 21 mandados de busca e apreensão, sendo que a maior parte foi cumprida no Rio de Janeiro (seis preventivas e 16 de buscas). O Distrito Federal é palco de cinco mandados (dois de prisão preventiva e três de busca e apreensão) e São Paulo tem outros quatro (dois de prisão preventiva preventivos e dois de busca e apreensão).

Até a chegada do PT ao Palácio do Planalto, os fundos de pensão das estatais eram gerenciados por bancos privados, que assumiam o compromisso de rentabilizar ao máximo o dinheiro dos servidores federais que no futuro serviria para garantir uma aposentadoria mais folgada. Por decisão de Lula, o mandrião da Lava-Jato, os bancos foram destituídos das suas funções, abrindo caminho para a nomeação de “companheiros” que passaram a tomar conta de verdadeiras fortunas.


Quem é Sereno?

Representante do estaleiro Keppel Fels no Brasil e fornecedor da Petrobras, Zwi Skornicki declarou em acordo de colaboração premiada no âmbito da Operação Lava-Jato ter pagado propina ao PT por meio da empresa Zaama Planejamento e Gestão Empresarial, de propriedade da mulher de Marcelo Sereno, Cátia Bertoti, e da sua cunhada, Maria Lorien Bertoti.

De acordo com Skornicki, os pagamentos foram solicitados por JoãoVaccari Neto, ex-tesoureiro do PT e preso em Curitiba, e incluídos na “conta corrente” que ele mantinha com o partido para pagar propina correspondente a 0,5% dos contratos de construção das plataformas da Petrobras P-56 e P-58.

A Zaama está registrada na Junta Comercial do Rio como microempresa fundada em 2006 e com endereço de funcionamento em duas salas de um prédio da Rua do Ouvidor, no Centro da capital fluminense.

Em fevereiro de 2015, quando realizou buscas na casa de Skornicki, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, a PF apreendeu uma cópia da primeira alteração do contrato social da Zaama, com data de setembro de 2011. Na mesma ocasião, a PF encontrou cópia de contrato de Zwi com a empresa Shellbill, offshore com conta na Suíça usada pelo casal João Santana e Mônica Moura para receber US$ 4,5 milhões de propina de contratos da Petrobras.

Em depoimento ao juiz Sérgio Moro, Skornicki disse que a Zaama cumpriu papel semelhante ao da Shellbill, ou seja, foi usada para celebrar um contrato fictício com o objetivo de “lavar” dinheiro da propina destinada ao PT. O engenheiro afirmou ter pagado propina a pessoas indicadas por Vaccari “no exterior e no Brasil”.

Mas as suspeitas frequentam a vida de Sereno há muito tempo. Privatizada no governo FHC, a refinaria de Manguinhos, no Rio de Janeiro, foi comandada por determinado período pelo petista Marcelo Sereno, citado Roberto Jefferson (PTB-RJ) no escândalo do Mensalão e nas denúncias que derrubaram Waldomiro Diniz, outrora braço direito de José Dirceu, da Casa Civil.

Além de ser o presidente da Grandiflorum, holding controladora de Manguinhos, Sereno aparecia no banco de dados do Serasa como sócio do empresário João Manuel Magro na empresa que assumiu o controle da refinaria fluminense na esteira de bisonha polêmica operação que envolveu a transferência das participações da petroleira espanhola Repsol e da família Peixoto de Castro para o grupo Andrade Magro, de São Paulo.

Figura de destaque da família que controla a refinaria de Manguinhos, rebatizada como Refit, o advogado Ricardo Magro foi preso em 2016 sob a acusação de lesar o fundo de pensão Postalis (Correios). Alvo de investigações da Polícia Federal, Ricardo tem histórico de relações canhestras com políticos condenados pela Justiça, como Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e preso em Curitiba no escopo da Lava-Jato.

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