Demorou, mas aconteceu. O senador piauiense Ciro Nogueira, presidente nacional do Partido Progressista, e o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE), conhecido como “Dudu da Fonte”, foram alvo de ação da Polícia Federal na manhã desta terça-feira (24), no âmbito da Operação Lava-Jato. A PF prendeu preventivamente o ex-deputado federal Márcio Junqueira, do PP de Roraima.
Na denúncia, a Procuradoria-Geral da República alega que Ciro Nogueira e Dudu da Fonte tentaram comprar o silêncio de um ex-assessor que tem colaborado com as investigações da Lava Jato, detalhando a atuação suspeita de ambos os parlamentares, alvo de mandados de busca e apreensão nos respectivos gabinetes e endereços relacionados.
De acordo com a PGR, o esquema investigado inclui o pagamento de despesas pessoais, ameaças e proposta para a mudança do teor do depoimento que compromete sobremaneira Nogueira e Dudu. O objetivo da ação é conseguir mais provas sobre a suposta compra do silêncio do ex-assessor.
Além da ordem de prisão contra o Márcio Junqueira, a PF cumpriu oito mandados de busca e apreensão nos gabinetes dos parlamentares no Congresso Nacional, nos apartamentos funcionais, em Brasília, e em endereços residenciais em Teresina (PI), Recife (PE) e Boa Vista (RR).
A operação da PF foi autorizada pelo ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator da Operação Lava-Jato, que inclui inquérito sobre repasses a políticos do PP por meio de contrato fictício, com suspeitas de prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Segundo as investigações, os deputados federais Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Arthur Lira (PP-AL), Eduardo da Fonte (PP-PE) e o senador Ciro Nogueira (PP-PI) receberam R$ 1,6 milhão em propina, por meio de contrato fictício com a empresa KFC Hidrossemeadura, de propriedade de Leonardo Meirelles e do grupo Queiroz Galvão.
Os valores foram operacionalizados por Henry Hoyer, que, de acordo com os investigadores, assumiu o posto de Alberto Youssef, o doleiro da Lava-Jato e do escândalo do Banestado.
O advogado Antonio Carlos de Almeida e Castro, o Kakay, afirmou, em nota, que a defesa de Ciro Nogueira acompanha as buscas que realizadas na residência e no gabinete do senador.
“O senador se encontra fora do Brasil, não sabendo em qual país e que não foi possível ainda falar com ele. Desconhece a defesa, até o presente momento, as razões da determinação judicial do Ministro Fachin. É certo que o senador sempre se colocou à disposição do Poder Judiciário, prestando depoimentos sempre que necessário e, inclusive, já foi alvo de busca e apreensão. Continuará a agir o senador como o principal interessado no esclarecimento dos fatos. No momento, a defesa aguarda contato com o senador para poder ter o necessário instrumento de poderes que dará direito ao acesso aos fundamentos da medida de busca e apreensão”, destacou Kakay.