União Europeia proíbe uso de pesticidas nocivos às abelhas

Os 28 Estados-membros da União Europeia (UE) concordaram, nesta sexta-feira (27), em proibir por completo o uso de três substâncias químicas usadas em pesticidas depois que um estudo científico descobriu que elas são prejudiciais às abelhas.

A Comissão Europeia havia recomendado a proibição depois de a Autoridade Europeia de Segurança Alimentar concluir que as três substâncias – clotianidina, imidacloprida e tiametoxam, coletivamente conhecidas como neonicotinoides – danificam o sistema nervoso central de insetos, incluindo as abelhas.

As abelhas ajudam a polinizar 90% das principais culturas agrícolas do planeta, mas, nos últimos anos, têm morrido devido a uma “desordem que leva ao colapso das colmeias”, um misterioso flagelo atribuído a ácaros, pesticidas, vírus, fungos ou uma combinação desses fatores. Qualquer diminuição na população leva a preocupações econômicas e no fornecimento de alimentos.

“A saúde das abelhas continua sendo de extrema importância, uma vez que diz respeito à biodiversidade, à produção de alimentos e ao meio ambiente”, disse o Comissário Europeu para Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis. “Estou feliz que os Estados-membros votaram a favor de nossa proposta.”

Os citados componentes químicos já tinham sido restringidos pela União Europeia em 2013, como parte dos esforços para proteger as abelhas, e Bruxelas encomendou um relatório mais abrangente sobre os efeitos com a compilação de vários estudos disponíveis sobre o tema.


“Tremenda vitória para o meio ambiente”

Espera-se que a medida entre em vigor até o fim do ano. O uso das substâncias será permitido em estufas, onde as abelhas não são expostas aos malefícios. A Pesticide Action Network (PAN), que é um grupo de organizações não governamentais que trabalham para minimizar os efeitos nocivos de pesticidas, afirmou que a decisão marca um dia histórico para a Europa.

“Autorizar o uso de neonicotinoides durante um quarto de século foi um erro e levou a um desastre ambiental”, disse Martin Dermine, diretor de políticas de Saúde e Meio Ambiente da filial europeia da PAN.

Grupos ambientalistas, que há muito tempo faziam campanha pelo banimento dos neonicotinoides, enalteceram a decisão. “Esta proibição completa dos neonicotinoides, em todas as culturas ao ar livre, é uma tremenda vitórias para nossas abelhas e para o meio ambiente”, celebrou a ativista Sandra Bell, da organização Friends of the Earth Europe.

A rede de mobilização social global Avaaz afirmou que “proibir esses pesticidas tóxicos é um sinal de esperança para as abelhas” na Europa. “Finalmente, nossos governos deram ouvidos aos seus cidadãos, às evidências científicas e aos agricultores que sabem que as abelhas não podem viver com esses produtos químicos”, disse a ativista Antonia Staats.

Ao contrário dos pesticidas de contato (que permanecem na superfície da folhagem), os neonicotinoides são absorvidos pela planta na fase de semente a transportados para folhas, flores, raízes e caule. Os neonicotinoides têm sido amplamente utilizados nos últimos anos e foram projetados para controlar insetos que se alimentam de seiva, como afídeos (piolhos-de-planta) e larvas que corroem raízes. (Com agências internacionais)

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