Declaração de Doria sobre prédio que desabou em SP mostra sua devastadora incompetência política

Ex-prefeito da maior cidade brasileira, São Paulo, e conhecido por ser um gazeteiro profissional, João Agripino da Costa Doria Junior acredita ser o derradeiro gênio da política brasileira.

Sem ter mostrado serviço à frente da administração paulistana, onde fez mais espuma do que realizações de fato, Doria é um neófito em termos políticos que certamente ajudará a aprofundar a cova do PSDB, partido que durante mais de treze anos mostrou-se incompetente no papel de líder da oposição. E agora é corrido pela acidez dos escândalos de corrupção que chacoalham o País.

Ignorando de forma acintosa a promessa de cumprir até o final o mandato de prefeito da capital dos paulistas, João Doria está em franca e deliberada campanha ao governo estadual, como se essa empreitada fosse simples e necessitasse apenas de conversa fiada.

Desprovido de sensibilidade política, Doria insiste em imprimir na vida pública o mesmo ritmo que marcou sua atuação como empresário. E esse equívoco fica evidente nas duas declarações, muitas delas absurdas e longe da realidade brasileira.

O Brasil enfrenta a mais grave e profunda crise institucional, embalada por falta de recursos para investimentos de toda ordem, mas o ex-alcaide paulistano ousa afirmar que o Edifício Wilton Paes de Almeida, que há dias desabou no centro da cidade de São Paulo, foi invadido por uma facção criminosa. Há uma enorme diferença entre criminosos que invadiram imóvel e uma facção que achaca cidadãos sem moradia.


João Doria é um “digno” representante da porção ignara da elite paulistana, que aposta na tese do “pé de cabra” para solucionar problemas complexos e longevos. A questão da habitação é antiga e precisa ser analisada de maneira ampla, pois a solução não surgirá da construção desenfreada de moradias. Sem contar que o Estado, como um todo, não tem recursos para tal.

No momento em que participa da disputa pelo governo da mais rica e importante unidade da federação, João Doria mostra-se insensível diante da tragédia ao fazer declaração tão estapafúrdia. De chofre, o tucano ignora o significado da sigla do seu partido, que tem como premissa a social democracia. O que enseja a preocupação com as questões sociais.

Ademais, se de uma facção criminosa invadiu o edifício que desabou há dias, deixando dezenas de desabrigados, Doria, enquanto prefeito, deveria ter tomado as devidas providências para eliminar o problema e impedir a perpetuação de uma ilicitude. Ou seja, está-se diante do crime de prevaricação, crime cometido por agente público que deixa de praticar ato de ofício.

Por outro lado, a declaração insana de João Doria repercutiu negativamente na cúpula do PSDB, onde o ex-prefeito coleciona desafetos por todo lado. Um dos mais duros críticos de Doria, o ex-governador Alberto Goldman não perdeu a chance e falou em “aproveitamento político da pior espécie”. “Ele [Doria] acha que com isso vai captar o eleitor do Bolsonaro”, declarou Goldman.

Apesar das inúmeras dificuldades que marcam o cotidiano nacional, o Estado de São Paulo conseguiu até agora singrar sem muitos percalços os mares revoltos da crise. Mas para tal foi preciso talento governamental para não deixar a nau à deriva. Doria é um franco atirador que desconhece a humildade e cultua a arrogância. Essa receita normalmente acaba da pior maneira. A conferir!

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