A Importância da Educação Midiática na formação da cidadania e no combate às notícias falsas foi a pauta da 12ª Conferência Legislativa sobre Liberdade de Expressão, realizada na manhã desta terça-feira (8) na Câmara dos Deputados, em Brasília.
Para a presidente do Instituto Palavra Aberta, Patrícia Blanco, o objetivo do debate é discutir como fazer com que crianças e adolescentes passem a interpretar, de forma correta, o conteúdo de informações que recebem, especialmente por meio das redes sociais.
“Com a mudança na forma como se consome informação, é necessário desenvolver o senso crítico para diferenciar os conteúdos. Com esses conhecimentos, disseminados a partir da Educação Midiática, o cidadão passa a ter discernimento e liberdade”, destacou Blanco. A instituição defende que esse tema faça parte das competências exigidas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Educação básica
O deputado Mendonça Filho (DEM–PE), ex-ministro da Educação, destacou que o combate às notícias falsas (fake News) exige “foco na educação básica e formação do ponto de vista educacional, que leve em conta novos pontos de vista de julgamento e senso crítico, para avaliar se determinada informação deve ser multiplicada”. Nesse sentido, o parlamentar lembrou que 54,73% das crianças, de oito anos, das escolas públicas no Brasil apresentam deficiência de leitura. Os dados são da Avaliação Nacional da Alfabetização de 2016. Na região Norte, segundo essa pesquisa, esse número sobe para 70,21%.
Para o deputado, por tudo isso, é preciso investir na base educação. “Crianças e jovens que não sabem interpretar um texto terão deficiência ao longo da vida”, afirmou Mendonça Filho. Segundo ele, este é um dos problemas que contribuem para a disseminação de notícias falsas.
Eleições
A preocupação com as “fake news” nas eleições foi ressaltada pelo ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Carlos Bastide Horbach. O ministro destacou que este debate há muito tempo povoa as eleições. “O que muda é a rapidez frenética com que essas notícias são difundidas e o modo como chegam ao leitor”, observou ao enfatizar que hoje tudo está a apenas um clique.
Horbach disse que hoje, sem checar as informações, um familiar replica uma notícia falsa dando a ela uma confiabilidade que antes não se tinha. O ministro falou ainda das ações de educação do eleitor desenvolvidas há mais de 20 anos pelo TSE, como o projeto “Eleitor do Futuro”, desenvolvido em parceria com escolas. Desde fevereiro o projeto está voltado à formação midiática e digital dos futuros eleitores.
Ainda segundo o ministro, apesar de mecanismos eficazes de combate às “fake news” nos processos eleitorais, a Justiça tem atuado com cuidado e a parcimônia que exige a tutela das eleições e a liberdade de expressão. Ele lembrou que nas últimas eleições vários provedores de internet foram notificados para retirar fatos falsos do ar.
“As determinações foram cumpridas. Multas são eficientes, mas sempre há uma zona em que não se tem uma plena eficácia, como provedores localizados fora do país”, afirmou Horbach.
Jornalistas
A senadora Ana Amélia (PP-RS) enfatizou a importância do trabalho da imprensa no combate às “fake news”. Para a representante gaúcha no Senado, informações divulgadas por veículos de comunicação respeitados no País dão cada vez mais credibilidade à notícia. Ana Amélia lamentou o fim da exigência do diploma do jornalista para exercer a profissão.
A senadora, profissional e imprensa que é, tem o direito de acreditar que as notícias falsas têm alguma relação com jornalistas não diplomados, quando na verdade são obra de pessoas levianas e irresponsáveis que buscam os “cinco minutos de fama” no rastro de informações inverídicas e que muitas produzem danos quase irreparáveis.
É preciso que o brasileiro tenha uma educação à altura para discernir a notícia verdadeira da falsa. Pior do que o jornalista sem diploma é o profissional de comunicação que vende a própria consciência e o veículo de imprensa que aluga opinião. (Com ABr)