Gilberto Carvalho diz que sítio foi emprestado a Lula, mas reforma milionária é prova cabal de corrupção

O grande problema dos caciques petistas continua sendo a incapacidade latente de combinar discursos com antecedência. Talvez a combinação até ocorra, mas a falta de preparo de levar adiante uma fala de encomenda muitas vezes compromete a estratégia.

Condenado a doze anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do apartamento triplex no Guarujá (litoral paulista), Lula vê sua situação piorar sobremaneira com o passar dos dias e na esteira dos depoimentos de alguns “companheiros”, que mais atrapalham do que ajudam.

Não bastassem as declarações de Paulo Okamotto, ex-presidente do Instituo Lula, sobre o Sítio Santa Bárbara, em Atibaia, aprazível cidade do interior de São Paulo, chegou a vez de Gilberto Carvalho, ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, de causar estragos no escopo da propriedade rural, que Lula jura não ser sua.

Quando o nome de Lula surgiu pela primeira vez em meio às denúncias e ações penais decorrentes da Operação Lava-Jato, o UCHO.INFO afirmou de forma categórica que o petista-mor enfrentaria sérios problemas no imbróglio envolvendo o tal sítio, uma vez que o conjunto probatório é tão incontestável quanto devastador.

Em depoimento no âmbito da Lava-Jato, na condição de testemunha de Marcelo Odebrecht, Carvalho afirmou que o sítio foi emprestado a Lula pelo empresário Fernando Bittar, sócio de Lulinha, um dos filhos do ex-presidente.


Essa discussão sobre o verdadeiro proprietário do imóvel tem ingredientes de sobra para avançar no tempo, mas um detalhe importante precisa ser considerado. Tomando como verdadeira a declaração de que o sítio em Atibaia foi emprestado a Lula – a informação é falsa –, não há como justificar o fato de que duas das maiores empreiteiras do País se dispuseram a realizar reformas, no valor aproximado de R$ 1 milhão, na propriedade de Fernando Bittar.

Como Fernando Bittar não comprovou o pagamento do valor da reforma a ambas as empreiteiras, as quais mantiveram relação espúria com os governos petistas de Lula e Dilma, está-se diante não apenas de um escândalo de corrupção, mas de uma mentira sem precedentes.

O viés mitômano da declaração de Gilberto Carvalho está no fato de que na seara do capitalismo inexiste cortesia a quem não se conhece. Tanto Marcelo Odebrecht quanto José Adelmário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, então presidentes das empreiteiras Odebrecht e OAS, respectivamente, jamais tinham ouvido falar de Fernando Bittar.

O cenário torna-se mais desfavorável a Lula se levada em conta a declaração de Gilberto Carvalho, que no depoimento disse que teve a oportunidade de comprar o tal sítio, mas não o fez porque era “muito longe”. Mesmo sendo a propriedade sendo distante, como teria afirmado o ex-presidente, ele foi ao local 111 vezes.

Os “companheiros” chamados a depor em juízo de tudo fazem para tentar tirar Lula da prisão, mas é preciso reconhecer que a situação do ex-presidente tende a piorar. Isso porque, independentemente de quem seja o efetivo dono do sítio, a reforma é prova maior de corrupção, crime previsto em lei e com direito a pena de prisão. Resumindo, se Lula continua sonhando com a liberdade, o melhor a se fazer é contratar um autor de novela competente, acostumado com textos que tenham “começo, meio e fim”.

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