O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (22) que seu encontro com o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, marcado para junho, corre o risco de ser adiado. A declaração foi feita ao lado do presidente sul-coreano, Moon Jae-in, durante reunião em Washington.
“Existe uma chance muito grande de que não dê certo em 12 de junho. Se não ocorrer nessa data, talvez ocorra mais tarde”, disse Trump a jornalistas na Casa Branca. Segundo ele, os EUA impõem “certas condições” a Pyongyang e, se elas não forem cumpridas, não haverá reunião.
Trump reiterou sua exigência de que a península coreana seja desnuclearizada, mas se recusou a especificar as demandas. Também não afirmou se conversou ou não com Kim sobre essas condições ou sobre a data da reunião.
O presidente garantiu, contudo, que ainda está disposto a encontrar o norte-coreano em Cingapura, mas que “nunca se sabe” o que pode resultar desse tipo de negociação. Segundo ele, uma resposta definitiva sobre a realização ou não da cúpula no próximo mês será conhecida em breve.
Moon, por sua vez, reconheceu haver certo ceticismo sobre o encontro histórico entre os líderes, mas disse ter “toda a confiança” de que Trump pode fazer um acordo que formalmente ponha fim à Guerra da Coreia e traga “paz e prosperidade” ao Estado norte-coreano.
Trump completou que tem mantido contato não só com a Coreia do Sul, mas também com a China e o Japão, que estão dispostos a “ajudar a tornar a Coreia do Sul grande”. O líder norte-coreano ficará “extremamente feliz” se um acordo for alcançado, previu o americano, acrescentando que, com isso, Kim “estará seguro” e seu país, rico.
Segundo o republicano, o status a longo prazo da península coreana deve ser decidido entre Norte e Sul, e o objetivo imediato da cúpula entre Washington e Pyongyang é garantir a existência de “duas Coreias de sucesso”. “Talvez um dia, futuramente, haverá novamente uma só Coreia.”
O encontro entre Trump e Moon nesta terça-feira dedicou-se justamente a acertar os detalhes antes da cúpula histórica – a primeira entre os líderes dos Estados Unidos e da Coreia do Norte em 70 anos de conflito, que começou com a Guerra da Coreia (1950-1953) e há pelo menos 25 anos é tema de negociações fracassadas.
Na última semana, Pyongyang ameaçou cancelar a reunião devido à pressão da Casa Branca para impor ao país um modelo do que chamou de “desnuclearização unilateral”.
“Se os EUA estiverem tentando nos encurralar para forçar nosso abandono nuclear de modo unilateral, não estaremos interessados em dialogar e poderemos apenas reconsiderar nossa posição referente à cúpula”, disse o vice-ministro do Exterior, Kim Kye-gwan, na terça-feira passada.
Dois dias mais tarde, Trump mandou um recado ao líder norte-coreano: se chegar a um acordo sobre a desnuclearização com os EUA, garantirá sua permanência no poder; caso contrário, poderá sofrer o mesmo destino que Muammar Kadafi, ditador que governou a Líbia por mais de quatro décadas e morreu em 2011 após ser derrubado com ajuda da OTAN.
Nesta terça-feira, o presidente americano opinou que a recente visita de Kim Jong-un à China poderia ter feito o norte-coreano mudar de opinião sobre suas negociações com Washington, assegurando ter observado “uma diferença” no líder quando voltou da viagem. (Com agências internacionais)