Com governo frágil e intransigência dos caminhoneiros, setores da imprensa incentivam o caos

O movimento criminoso dos caminhoneiros, que paralisa o País, encontra guarida na frouxidão de um governo que desconhece técnicas de negociação ou, então, aposta todas as fichas em dialogar com quem não merece crédito.

A paralisação dos transportadores rodoviários de carga tem como justificativa o elevado preço do óleo diesel, sendo que os motoristas de caminhão alegam que “pagam para trabalhar”, o que não é verdade, pois do contrário já teriam mudado de profissão. O máximo que podem afirmar é que o lucro é pequeno e insuficiente para manter o negócio.

No Brasil sobram especialistas em tudo, agora também em logística e assuntos correlatos, assim como há uma abundância de comentaristas políticos que insistem em colocar mais lenha na fogueira. Em vez de levar à opinião pública uma mensagem marcada pelo bom senso e pela responsabilidade, esses gênios (sic) da informação agora interpretam o movimento dos caminhoneiros a partir de bordões enfadonhos.

No momento, esses profissionais de comunicação afirmam que o movimento grevista é horizontal, o que explica a falta de lideranças centralizadas. De igual modo, os bambas (sic) das análises políticas dizem que a horizontalidade do movimento não combina com a hipótese de locaute, quando empresários de determinado setor promovem paralisações com o intuito de tirar vantagem financeira ou econômica.

Fazer comentários sobre greve, sentado em uma redação jornalística com ar condicionado e outras mordomias, é fácil. É preciso conhecer os bastidores de uma greve para emitir opiniões, pois sem isso qualquer comentário é obra do achismo de alguém que aposta no caos, no “quanto pior, melhor”.


O fato de o movimento dos caminhoneiros não ter liderança centralizada nem de longe elimina a possibilidade de locaute, já que a paralisação é fruto de uma estratégia burra e delinquente de um grupelho disposto a criar desordem para, mais adiante, algum candidato ligado aos empresários oferecer soluções milagrosas.

Essa estratégia é velha e rançosa e não mais coaduna com a realidade atual. O governo do presidente Michel Temer precisa, cumprindo a legislação vigente, manter a lei e a ordem, mesmo que para isso seja necessário autorizar as forças federais a entrarem em ação. Contudo, a falta de credibilidade do governo impede a tomada de decisões firmes e produtivas.

Acostumada com a coisa pronta, boa parte da população, cada vez mais preguiçosa em termos políticos, não se incomoda em submeter a democracia a risco apenas porque a ordem do dia é derrubar o governo. A democracia precisa ser preservada, assim como deve ser respeitado o Estado Democrático de Direito. Isso significa usar a lei em favor da sociedade e para manter o funcionamento do País.

Ademais, ceder de maneira repetida a cada lote de exigências dos caminhoneiros é um risco crescente, pois outras categorias já se articulam para deflagrar greves em todo o País. E alguns setores da imprensa, movidos pela irresponsabilidade jornalística, torcem para que isso ocorra. Qualquer cidadão dotado de doses rasas de coerência sabe que a mudança de governo – ou de governantes – não resolve um problema crônico e longevo como que há muito afeta o País.

Os mais radicais por certo discordarão desta matéria, mas empresários de distintos setores, que conversaram com o editor do UCHO.INFO, mostraram-se preocupados e condenaram com veemência a paralisação dos caminhoneiros. Em suma, a brincadeira está indo longe demais e o resultado pode ser dos piores.

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