Projeto que cria tabela de fretes para transporte rodoviário de carga aguarda votação desde 2017

“Nunca antes na história deste país” ouviu-se e viu-se tantas estupidezes em tão curto espaço de tempo. Nos últimos dias, a verborragia insana brotou à vontade da criminosa e encomendada paralisação dos caminhoneiros, que tentaram instalar o caos na esperança de, em algum momento, derrubar o presidente Michel Temer e abrir caminho para intervenção militar.

Considerando que este é um ano de eleições gerais, não causa surpresa o fato de políticos buscarem alguma forma de faturar a partir da greve dos transportadores rodoviários de carga. E esse oportunismo barato não passou pelo crivo ideológico, ou seja, prevaleceu o vale-tudo, tanto na esquerda quanto na direita.

Presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) não demorou a perceber que a confusão poderia lhe render algum dividendo eleitoral. Maia, que em algum momento terá de aceitar o fato de que só lhe resta a reeleição, foi célere ao acenar na direção dos caminhoneiros. Aprovou a toque de caixa a isenção do PIS e da Cofins incidente incidentes sobre os combustíveis, mas sequer soube fazer o cálculo exato do prejuízo aos cofres federais. Anunciou que a perda para o governo federal seria de R$ 3 bilhões, quando na realidade passa de R$ 10 bilhões.

Maia não se incomodou com o tropeço aritmético e continuou em sua saga na esteira da paralisação. Disse o presidente da Câmara que a convocação das Roças Armadas para liberar as rodovias bloqueadas por caminhoneiros “representa um governo fraco”.


Quem se depara com as declarações de Rodrigo Maia acredita que o democrata fluminense é um político cheio de boas intenções. Aliás, muito estranhamente, o presidente da Câmara dos Deputados revelou ser favorável ao movimento dos caminhoneiros. Talvez porque ainda sonha com a Presidência da República ou por querer causar constrangimentos à equipe do fraco e desacreditado governo de Michel Temer.

Pois bem, que ninguém acredite no repentino “bom-mocismo” de Rodrigo Maia e do senador Eunício Oliveira (MDB-CE), presidente do Senado, pois o projeto de lei que cria uma tabela mínima de frete para os transportadores rodoviários de carga e fixa valores por quilômetro rodado aguarda aprovação dos parlamentares desde junho de 2017.

Caso o tal projeto já tivesse sido aprovado e devidamente sancionado pelo presidente da República, certamente essa paralisação dos caminhoneiros não teria ocorrido, poupando dezenas de milhões de brasileiros das agruras resultantes do criminoso movimento.

A não votação da matéria esbarra em questão simples e largamente conhecida no Congresso: o lobby das empresas de transporte fala mais alto, enquanto parlamentares são loucos por “mimos e agrados”.

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