Condenado a doze anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do apartamento triplex do Guarujá, no litoral paulista, Luiz Inácio da Silva continua insistindo em impossível candidatura à Presidência da República como forma de salvar o Partido dos Trabalhadores da débâcle. A estratégia é mantê-lo como candidato e evitar o encolhimento da bancada da legenda na Câmara dos Deputados, que serve como referência para verba partidária.
O próprio ex-metalúrgico sabe da impossibilidade de concorrer ao Palácio do Planalto, mas prefere manter o discurso para transferir votos para um eventual candidato petista à Presidência, o chamado “plano B”, ou até mesmo a um presidenciável esquerdista com chance de chegar ao segundo turno. No caso, o pedetista Ciro Gomes, o truculento “coronel” cearense.
O “jus sperniandi” a que recorrem Lula e seus quejandos é compreensível, até porque ninguém é obrigado a declarar-se culpado, mesmo após condenação, mas a capacidade do ex-presidente de transferir votos fracassou na primeira experiência eleitoral.
Ex-ministra da Agricultura no desastrado governo da petista Dilma Rousseff, a senadora Kátia Abreu (PDT) – já passou pelo PFL, Democratas e MDB – tropeçou na corrida ao governo do Tocantins, que no domingo (3) realizou eleição suplementar para escolher o político que comandará a unidade do Centro-Oeste até 31 de dezembro, em virtude da cassação dos mandatos do então governador Marcelo Miranda (MDB) e da outrora vice-governadora Cláudia Leis (PV) pelo crime de arrecadação ilícita de campanha.
Em carta endereçada aos eleitores tocantinenses, Lula pediu voto para Kátia Abreu, mas a pedetista terminou o pleito em quarto lugar, com apenas 15,66% dos votos. Em suma, os petistas do estado não deram importância ao pedido do alarife do Petrolão. Disputarão o mandato-tampão de governador, no segundo turno, os candidatos Mauro Carlesse (PHS) e Vicentinho Alves (PR).
Representante ferrenha do agronegócio, o que contradiz a bandeira esquerdista da agricultura familiar, Kátia Abreu trabalhou árdua e intensamente contra o impeachment de Dilma, com quem passou a cultivar inesperada e estranha amizade. Para quem, durante anos, foi ácida crítica do PT e seus satélites ideológicos, a senadora do PDT mostra que na política tudo é possível, inclusive abraçar-se à incoerência.
A derrota de Kátia Abreu na disputa pelo governo tocantinense explica o desespero que ronda o Partido dos Trabalhadores, que não apenas teme definhar nas próximas eleições, mas está assustado com a possibilidade de Lula permanecer mais alguns longos anos atrás das grades.