(*) Ipojuca Pontes
Ciro Gomes, tal qual o arbitrário Nhô Augusto Matraga do Saco-da-Imbira, personagem de Guimarães Rosa, é o sujeito que quer entrar no céu (presidência da República) na base do porrete. Para tanto, símile do temerário filho do coronel Afonsão das Pindaíbas, vive de rosnar ameaças, distribuindo agressões e patadas verbais em cima dos adversários e até entre os aliados políticos mais próximos (vide, por exemplo, o caso do presidiário Lula da Selva, seu ex-protetor, a quem se compraz em avaliar como “um merda”).
(Considerado por muitos um disponível “língua de aluguel”, Ciro se autodenomina “operador da política”, mas, de fato, examinando-se direitinho o seu comportamento desequilibrado, o mais justo seria diagnosticá-lo como um caso clínico).
Na trilha de político profissional (vá lá, “operador”), o atual chefão da oligarquia dos Ferreira Gomes (Sobral-CE) nem sempre adotou o estilo cangaço. Ele começou, de mansinho, na Aliança Renovadora Nacional (ARENA), depois passou às fileiras do PDS, ambos partidos de sustentação da “ditadura militar”. Em seguida, pressentindo a mudança dos ventos soprados pelos próprios milicos (por exemplo, César Cals no Ceará), pulou para o PMDB, partido de oposição liderado por “Dr. Ulysses”, a múmia responsável pela ingovernável “Constituição Cidadã”, Daí para o PSDB, toca do marxista-gramscista FHC, o Vasilinoso, foi um passo (em falso). Mas, sequioso por sentar no Trono do Planalto, larga o PSDB – um ninho de cascavéis sempre enroladas nos antros do poder – e se transfere para o PPS, ex-PCB, a secção brasileira do doentio comunismo internacional. Ali, logo descobre que seu obsessivo projeto presidencial não iria adiante e, então, rápido, pula para o PSB, a sigla-trampolim ocupada por comunistas contumazes, socialistas, oportunistas e demagogos de toda espécie, entre eles, o coroné Miguel Arraes, Erundina, Saturnino “Choroso” Braga, Garotinho e até mesmo o desvairado Jânio Quadros.
Todavia, marginalizado no PSB, que já tinha como dono um herdeiro de Arraes, parte para apoiar a criação do PROS (o indefinido Partido Republicano da Ordem Social), aventura que abandonou correndo para ingressar no PDT de Brizola, o “Engenheiro do Caos”, hoje amarrado ao ex-jornaleiro Carlos Lupi, demitido do Ministério do Trabalho por Dilma Rousseff após denúncia de corrupção pela própria Comissão de Ética da Presidência da República.
Como se pode avaliar, o doidivanas Gomes pula de galho em galho ao pendor de sua obsessão. Inutilmente, de resto. O homem já disputou duas eleições presidenciais e nas duas foi derrotado, a última delas de forma canhestra para o presidiário Lula e até mesmo para o falso Garotinho, cria de Brizola, frequentemente visto por trás das grades.
Destemperado, boquirroto, Ciro é o que se pode chamar de “mala sem alça”, um fardo que o País não quer carregar, mas que se apresenta, outra vez, como candidato à Presidência da República, Traz a tiracolo, como guru ideológico, a figura aloprada de Mangabeira Unger, “visionário sem visão” de Harvard, o biombo furado sob o qual procura se esconder boa parte da mediocridade política cabocla. O guru de Harvard é um fenômeno. Enrolado no forte sotaque de gringo, Unger, na sua algaravia acadêmica, já seduziu, entre outros, Dr. Ulysses, Brizola, Dilma Rousseff, o PRB do Bispo Macedo e o próprio Lula.
(Detalhe: depois de exigir em artigo de jornalão o impeachment de Lula, apontando-o como chefão do PT, “o partido mais corrupto da história nacional”, o professor aloprado, sem o menor pudor, aceitou assumir a “Secretária Especial de Ações de Longo Prazo” do governo Lula. Resultado: no cargo, em curto prazo, as obscuras ações de Unger só fizeram o País descer ladeira abaixo, em especial a região amazônica submetida ao seu inviável “Plano da Amazônia Sustentável”.
Comunistóide enrustido, Ciro é decoreba do Foro de São Paulo criado por Fidel, organização responsável pelo completo fracasso político, social, moral e econômico da América Latina, do qual a faminta Venezuela do tiranete Maduro – defendido por Gomes – é exemplo clamoroso.
No frigir dos ovos, as propostas do Oligarca de Sobral para “operar” o Brasil são todas nocivas e passam pelo aumento da carga tributária, o desmanche da reforma trabalhista, o retorno das bilionárias extorsões sindicais sobre os salários dos trabalhadores, a derrubada do teto de gastos do governo e, o mais daninho, a adoção do “Estado controlado”, embuste do comunista Antonio Gramsci, “Il Gobbo”, para enquadrar a sociedade e os indivíduos. No caso do aumento dos impostos, o candidato, defensor intransigente da CPMF, pretende impor imposto sobre as grandes fortunas e outros que tais – impostos a posteriori transformados em sorvedouro para o abastecimento de megasálarios dos políticos e da burocracia selvagem. Sem falar, é claro, no festim das empreiteiras com suas obras faraônicas e intermináveis, tais como a Transnordestina e a Transposição do Rio São Francisco (em parte, administradas pelo próprio Ciro), cujas águas, segundo ambientalistas, encontram-se ameaçadas de extinção.
O truque de Ciro Gomes para se manter no foco da mídia é apresentar problemas (a maioria deles, falsos), apontar bodes expiatórios e apresentar soluções que só ele, caso eleito, poderá resolver nos primeiros meses. Empafioso de si mesmo, mente com uma fluência admirável de político profissional, distorcendo dados estatísticos e a tudo levando de roldão, inclusive a plateia, em geral, perplexa ou desinformada.
Mas não a todos: recentemente, num painel sobre livre comércio, o professor Tom Palmer, do Catho Institute, replicou, na lata, que Ciro Gomes devia tomar vergonha na cara (“you should be ashamed”). É que Ciro, rico, bem vestido e alimentado, tinha dito antes que a liberdade de consumo era algo como uma “ameaça à identidade cultural brasileira”.
Só para completar: Ciro disse que apreciava a frase “Hay que endurecerse, pero sin perder la ternura”, do assassino “Che” Guevara, que se comprazia em matar prisioneiros, ele próprio, com tiros na nuca na prisão de La Cabana. Mas que, sem endurecer coisa alguma, esvaindo-se em diarreia braba. foi posto a correr do Congo pelo mercenário sul-africano Mike “Mad” Hoare.
(*) Ipojuca Pontes, ex-secretário nacional da Cultura, é cineasta, destacado documentarista do cinema nacional, jornalista, escritor, cronista e um dos grandes pensadores brasileiros de todos os tempos.