Lava-Jato: Supremo marca julgamento de Gleisi, a “Amante”, ré por corrupção e lavagem de dinheiro

A senadora Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) diz estar esperançosa em relação ao julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), mas ao mesmo tempo teme que prevaleça o dito popular “a Justiça tarda, mas não falha”.

Sabe-se, há mais de quatro anos, com base nos depoimentos de pelo menos meia dúzia de delatores da Operação Lava-Jato, que a parlamentar paranaense recebeu R$ 1 milhão em propina do esquema de corrupção conhecido como Petrolão. O montante, pago em quatro parcelas através de empresas de fachada do doleiro Alberto Youssef, foi usado na campanha de Gleisi ao Senado, em 2010.

Por causa do chamado foro privilegiado e da conhecida morosidade da Justiça, a ação penal arrastou-se ao longo do tempo, mas chegou a hora do acerto de contas. A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal marcou para a próxima terça-feira (19), o julgamento de Gleisi Helena e do seu marido, o ex-ministro Paulo Bernardo da Silva (Planejamento e Comunicações), além do empresário curitibano Ernesto Kugler, acusado de ser o “homem da mala”.

Na última semana, o ministro Celso de Mello, revisor da Operação Lava-Jato no STF, liberou o caso para julgamento. Na terça-feira (12), o ministro Ricardo Lewandowski, presidente da turma, agendou a sessão destinada à análise do caso. De acordo com a acusação da Procuradoria-Geral da República, os três, “agindo de modo livre, consciente e voluntário”, pediram e receberam R$ 1 milhão desviados do esquema de corrupção que atuava na Petrobras.

Ainda segundo a PGR, os recursos foram liberados por Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da petrolífera nacional, com o objetivo de obter apoio político de Gleisi Hoffmann e Paulo Bernardo para manter-se no cargo.


À época em que Gleisi e Paulo Bernardo tornaram-se réus no Supremo, a defesa da senadora negou os crimes e apontou supostas divergências entre as declarações de Paulo Roberto Costa e Alberto Youssef nas delações premiadas, especialmente em relação ao modo como o dinheiro teria sido repassado.

A defesa de Paulo Bernardo também rebateu a acusação, alegando que não teria sido provada a interferência do ex-ministro para manter Paulo Roberto no cargo de diretor na Petrobras.

Com a costumeira e descabida contundência, Gleisi divulgou nota denunciando uma conspiração neoliberal, forjada nos “porões da Lava Jato” para persegui-la devido ao inconformismo da direita com sua sede e fome de justiça. Essa visão delirante de Gleisi transparece no texto:

“Trata-se de acusação forjada nos subterrâneos da Lava Jato, onde criminosos condenados negociam benefícios penais e financeiros em troca de delações mentirosas, que servem à perseguição política contra o PT e os nossos dirigentes. No meu caso, a cada falsidade desmascarada durante o processo, os criminosos foram mudando seus depoimentos e mentindo cada vez mais. É escandaloso que a Procuradoria Geral da República (PGR) tenha oferecido denúncia contra mim em vez de punir os que são acobertados pela Lava Jato”, afirmou a senadora.

Crítica estridente e contumaz da prisão do “companheiro” Lula, condenado por corrupção e lavagem de dinheiro, a presidente nacional do PT corre o risco de, em caso de condenação, engrossar a fileira de petistas encarcerados.

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