Polícia Federal indicia ex-procurador Marcelo Miller, Joesley Batista e mais três por corrupção

Ex-procurador da República, Marcelo Miller foi indiciado pela Polícia Federal, juntamente com o empresário Joesley Batista, do Grupo J&F, e três advogados. O indiciamento ocorreu no escopo do inquérito que investigou o envolvimento de Miller na elaboração dos acordos de colaboração premiada de executivos e ex-executivos do Grupo J&F enquanto integrava o Ministério Público Federal.

Miller foi indiciado por corrupção passiva, enquanto Joesley Batista, Francisco de Assis e Silva (ex-diretor jurídico do grupo J&F) e as advogadas Esther Flesch e Fernanda Tórtima foram indiciados por corrupção ativa.

A decisão da PF de indiciar os acima citados está sob sigilo e será analisada pelo MPF, que decidirá sobre a apresentação de denúncia. Esse novo cenário atrapalha o plano dos ex-executivos do grupo J&F, que tentam no Supremo Tribunal Federal (STF) manter a validade dos acordos de delação firmados com o MPF. O assunto está sob a responsabilidade do ministro Luiz Edson Fachin, relator da Operação Lava-Jato no STF.


A investigação foi aberta, em setembro de 2017, por determinação de Rodrigo Janot, então procurador-geral da República, após a descoberta de áudio de conversa de Joesley Batista indicando que Miller teria atuado para os executivos do grupo antes mesmo de pedir demissão do MPF. O áudio foi entregue inadvertidamente às autoridades pelos próprios delatores, com o intuito de complementar o acordo de colaboração.

Um dos pontos analisados pela PF no áudio de Joesley Batista faz referência a ministros da Corte. Entretanto, o relatório da PF ressalta que nada foi encontrado que pudesse sugerir qualquer envolvimento dos magistrados.

A PGR apontou anteriormente vários indícios de crimes envolvendo Marcelo Miller e as delações da J&F, em manifestações sobre a rescisão de acordos de colaboração firmados por integrantes do MPF. Na última manifestação, em maio passado, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, destacou omissão e má-fé ao afirmar que os delatores não comunicaram a participação de Marcello Miller na negociação dos acordos.