Copom confirma expectativa do mercado financeiro e mantém taxa Selic em 6,5% ao ano

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central decidiu por unanimidade, nesta quarta-feira (20), manter a taxa básica de juro (Selic) em 6,50% ao ano. Trata-se da segunda decisão seguida de manter a Selic no patamar atual, algo esperado pelo mercado financeiro.

Em nota, o Copom destacou que a greve dos caminhoneiros trouxe incertezas que dificultam a avaliação das perspectivas para a economia brasileira. “A paralisação no setor de transporte de cargas no mês de maio dificulta a leitura da evolução recente da atividade econômica. Dados referentes ao mês de abril sugerem atividade mais consistente que nos meses anteriores. Entretanto, indicadores referentes a maio e, possivelmente, junho deverão refletir os efeitos da referida paralisação”, ressaltou o comunicado.

De acordo com o texto, a instabilidade na economia internacional também contribuiu para a manutenção do juro básico. “O cenário externo seguiu mais desafiador e apresentou volatilidade. A evolução dos riscos, em grande parte associados à normalização das taxas de juros em algumas economias avançadas, produziu ajustes nos mercados financeiros internacionais. Como resultado, houve redução do apetite ao risco em relação a economias emergentes”, informou o Copom.

Com a decisão desta quarta-feira, a Selic continua no menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1986. De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Em outubro de 2016, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março deste ano.


Na última reunião do Copom, em maio, a Selic foi mantida em 6,5% ao ano, decisão que surpreendeu o mercado financeiro. Na ocasião, o BC alegou que a instabilidade internacional, que se manifestou na valorização do dólar nos últimos meses, influenciou a decisão do colegiado.

Inflação

A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumula 2,86% nos 12 meses terminados em maio, abaixo do piso da meta de inflação, que é de 3%. O IPCA de junho só será divulgado no início de julho.

No Relatório de Inflação, divulgado no fim de março pelo Banco Central, a autoridade monetária estima que o IPCA encerrará 2018 em 3,8%. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo BC, a inflação oficial deverá fechar o ano num nível parecido: 3,88%.

Do fim de 2016 ao fim de 2017, a inflação entrou em ritmo de queda por causa da recessão econômica, da desvalorização do dólar e da exuberante safra de alimentos. Os índices haviam voltado a cair no início deste ano, afetado pela demora na recuperação da economia, mas voltaram a subir depois da greve dos caminhoneiros, que durou onze dias e provocou escassez de alguns produtos no mercado.