Trump deixa a estupidez de lado por alguns momentos e promete acabar com política que separa famílias

Movido o tempo todo pela irresponsabilidade e pelo populismo direitista, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não suportou a ascendente pressão da opinião pública e assinou nesta quarta-feira (20) ordem para evitar a separação das famílias de imigrantes que cruzarem ilegalmente a fronteira com o México. Mesmo assim, o mandatário estadunidense manterá a “tolerância zero” na política de imigração.

De acordo com a ordem, os membros de famílias imigrantes que entrarem ilegalmente nos EUA serão detidos juntos. Trump determinou ao Departamento de Defesa a adoção imediata de as medidas para acolher essas pessoas de maneira adequada.

A absurda decisão de separar as famílias, mantendo em gaiolas crianças pequenas, chocou o planeta e expôs a insensatez de um governante que insiste no radicalismo direitista apenas para agradar seu eleitorado.

Para blindar Trump contra a enxurrada de críticas, a burrice da extrema direita entrou em cena a reboque do discurso de que Barack Obama adotara medida semelhante. Na verdade, Obama e George W. Bush jamais adotaram esse procedimento que atenta contra os direitos humanos e deixa sequelas irreparáveis nas crianças.

Como afirmou o UCHO.INFO em matéria anterior, a questão não é deixar de conter os imigrantes ilegais, mas evitar a separação das famílias e impedir que crianças sejam submetidas a situação degradante.

Repercussão negativa

Donald Trump desistiu de separar famílias migrantes depois de sofrer intensa pressão dos mais diferentes setores. Llíderes religiosos, políticos e internacionais condenaram a postura de seu governo, que fez com que mais de 2.300 menores de idades fossem separados de suas famílias em cinco semanas. Até mesmo a primeira-dama dos EUA, Melania Trump, criticou a medida. Causando constrangimento ao presidente.

Depois da bizarrice que só foi adiante por conta de uma ordem sua, Trump disparou: “Não me agradou a visão de famílias sendo separadas”. Ou seja, o presidente dos EUA, além de estúpido, age por impulso ou com o intuito de jogar para a plateia.

“Nós vamos manter as famílias unidas, mas temos que fortalecer nossas fronteiras”, declarou Trump à imprensa. “Temos de manter a linha-dura, ou nosso país será invadido por pessoas que não deveriam estar no nosso país, pelo crime, por todas as coisas que não queremos”, completou. Como se apenas o cometimento de crimes fosse um privilégio (sic) dos imigrantes ilegais, jamais dos americanos.


A ordem também dará prioridade às famílias no que diz respeito aos procedimentos de imigração. Antes da política de “tolerância zero”, as famílias que chegavam à fronteira sem autorização e alegavam medo de voltar para a casa eram autorizadas a entrar em território americano e pedir refúgio.

Durante o processo de solicitação de refúgio, o imigrante corria o risco de ser detido, dependendo vários fatores, como, por exemplo, a disponibilidade de vaga nos centros de detenção. Também eram realizadas audiências na fronteira, e a família toda poderia ser deportada, em vez de ficar detida nos EUA.

Até a manhã desta quarta-feira o momento, as crianças separadas de seus pais eram classificadas como “imigrantes desacompanhadas”, sendo transferidas para abrigos e mantidas sob a tutela do governo. A essas crianças não cabia o direito de conhecer o destino dos familiares.

Repetidas à exaustão, imagens chocantes mostraram crianças dentro de jaulas e dormindo no chão com cobertores de alumínio, o que fez disparar a pressão sobre o estabanado Trump.

Efeitos colaterais

Para quem continua acreditando ser o “xerife do Universo”, Donald Trump disparou um doloroso tiro no pé, pois o recuo em relação Às famílias separadas funcionou como senha para aqueles que discordam de suas insanas decisões. Isso significa que na próxima polemica pressão não será pequena, pelo contrário.

Por outro lado, a divulgação das imagens das crianças enjauladas mandou por terra as pretensões de Donald Trump de ser candidato ao prêmio Nobel da Paz. Essa pretensão avançou depois que o presidente dos EUA reuniu-se com o ditador norte-coreano, como se Kim Jong-un não tivesse saído do encontro como o único vencedor.

Trump, de forma inadvertida, anunciou que a Coreia do Norte deixar de ser uma ameaça nuclear e que a Península da Coreia e sua vizinhança estavam a salvo, mas não é essa a realidade dos fatos. A história mostra que a dinastia Kim não é afeita ao cumprimento de acordo, assim como Trump. Em outras palavras, o Nobel da Paz passou de ambição absurda a sonho impossível em questão de dias.