Trump e Putin terão encontro em breve, anunciam os governos de Washington e Moscou

Os governos dos Estados Unidos e da Rússia chegaram a um acordo, na quarta-feira (27), para a realização de uma cúpula entre os presidentes Donald Trump e Vladimir Putin, que acontecerá em breve e em um terceiro país. Segundo o Kremlin, data e local serão anunciados nesta quinta-feira.

A informação foi anunciada por um assessor de política externa do governo russo, Yuri Ushakov, logo após uma reunião entre Putin e o assessor de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton, em Moscou, para acertar detalhes do encontro. Bolton, mais tarde, também falou sobre a cúpula.

“Essa reunião tem sido planejada há bastante tempo”, afirmou Ushakov a repórteres. “É de enorme importância para a Rússia e para os Estados Unidos, mas é também muito importante para toda a situação internacional. Acredito que será o principal evento internacional deste verão.”

A cúpula entre os dois presidentes promete irritar aliados de Washington que tentam isolar Putin, como o Reino Unido. Também deve alimentar as críticas domésticas e internacionais contra a objeção de Trump à Otan e sua disposição em estreitar os laços com Moscou, ao mesmo tempo em que endurece as sanções contra o país.

Ushakov, que repassou a satisfação do Kremlin após a reunião com Bolton nesta quarta-feira, afirmou que o encontro entre Putin e Trump deve durar horas e pode terminar com uma declaração conjunta que assegure o estreitamento das relações entre os dois Estados.

Antes da cúpula, que ocorrerá num país que seja “conveniente” tanto para os EUA quanto para Rússia, o ministro russo do Exterior, Serguei Lavrov, e o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, se reunirão para acertar mais detalhes.

O encontro está previsto para ocorrer após a participação de Trump em uma cimeira da Otan e uma visita dele ao Reino Unido no próximo mês. Uma autoridade americana adiantou na terça-feira que a capital da Finlândia, Helsinque, estaria sendo considerada para receber a cúpula.


Bolton, por sua vez, que antes de ser nomeado assessor de Segurança Nacional chegou a criticar os diálogos de Trump com Putin, defendeu com firmeza nesta quarta-feira o futuro encontro.

“Não considero algo incomum os presidentes Trump e Putin se reunirem”, declarou em coletiva de imprensa. “Mesmo no passado, quando nossos países tinham diferenças, nossos líderes e seus assessores se encontraram, e acho que isso foi bom para os dois países e para a estabilidade do mundo.”

Bolton afirmou ainda que muitos críticos do líder americano “tentaram fazer capital político a partir de teorias e suposições que se provaram completamente errôneas”. “Trump deixou claro que, apesar do estrondo político nos EUA, a comunicação direta entre ele e Putin é do interesse do país.”

Já Putin afirmou que a visita do assessor americano dá esperança a Moscou de que é possível “dar um primeiro passo para reviver os laços entre nossos Estados”. “A Rússia nunca buscou o confronto”, acrescentou, dizendo ainda lamentar que as relações com Washington não estejam em “boa forma”.

Em março, o líder americano telefonou para o presidente russo para parabenizá-lo por sua reeleição e afirmou que os dois se encontrariam em breve.

Desde então, os laços já estremecidos entre Washington e Moscou pioraram ainda mais com o conflito na Síria e após o envenenamento de um ex-espião russo no Reino Unido, que provocou grande número de expulsões diplomáticas em ambos os países.

Os governos americano e russo também enfrentam tensões em relação a temas como a Ucrânia e alegações de interferência por parte de Moscou nas eleições presidenciais dos EUA em 2016, algo que a Rússia nega e que é alvo de investigações na Justiça americana.

Na quarta-feira, Bolton foi recebido com honras na capital russa. Após um almoço com o ministro do Exterior, Serguei Lavrov, o assessor americano participou de uma reunião com Putin no Kremlin, que foi descrita como cortês pela imprensa internacional. (Com agências internacionais)